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Mcllo

  • Foto do escritor: Admin
    Admin
  • 13 de nov. de 2014
  • 27 min de leitura

Atualizado: 10 de fev. de 2023


Foto de Tenzin Choejor, fotografo oficial do Dalai Lama.

O dia em que o Dalai Lama veio até nós e apertamos as mãos dele (13 de novembro de 2014).

Dar a mão para o Dalai Lama é uma coisa muito emblemática, especial, maravilhosa, enfim, tocar um ser iluminado é incrível. Apesar de ter 80 anos a sua pele parece com a de um bebê. Eu passei a minha mão na pele dele e senti suavidade e frescor.

Quando resolvemos ir para a Índia em 2014, eu entrei no site oficial do Dalai Lama para ver sua agenda porque todas as todas as outras vezes em que estivermos em Mcleoud Ganj, o Dalai Lama estava fora da cidade. Na primeira vez nem sombra dele, na segunda vez, em 2012 não havia nenhum evento com ele na agenda, mas tivemos muita sorte, pois o vimos e ele acenou para nós.

Lembro-me de detalhes daquele dia, uma manhã ensolarada e estávamos lá no pátio do complexo de templos perto da residência de Sua Santidade. Na verdade, íamos todos os dias ao templo e ficávamos tomando sol no pátio que hoje é coberto. Em 2012 a Roberta estava trocando o chip da câmera dela, pois estava lotado de fotos e naquela época ainda se podia tirar fotos no complexo. Atualmente não é mais permitido entrar com câmeras, celulares ou qualquer outro objeto eletrônico desde o atentado em Bodhigaya em 2013.

Naquela bela manhã, estávamos ali no pátio em frente à entrada da casa do lado Dalai Lama sentadas no banco trocando o chip da máquina. Reparei em uma senhora tibetana que estava um pouco ansiosa enquanto conversava com seguranças do portão da casa do Dalai Lama, Notamos que havia mais seguranças do que o habitual. Em seguida alguns indianos e tibetanos se juntaram no gradil do pátio. Eu e ouvi som de carros na via exclusiva para a casa de Sua Santidade e disse para a Roberta “É o Dalai Lama, ele está vindo”.

Fui até a escadinha e a Roberta me acompanhou e perguntou como é que eu sabia. Mostrei a ela a movimentação e ouvimos o som de carros, uma sirene, buzinas e sabíamos que não passa carro por ali, a não o dele.

A Roberta não acreditou muito e então os carros se aproximaram seguranças, policia, o carro dele e ele acenou para os poucos que estavam lá.

Éramos uns 30, no máximo e ele nos olhou, nos viu, sorriu e acenou. Alguns poucos tibetanos, indianos, eu a Roberta, e um grupo pequeno de argentinos que ainda estava lá porque haviam roubado o tênis de um rapaz do grupo. Todos ficamos extasiados e comentando a sorte que tivemos. Muitos ficaram na dúvida se era realmente o Dalai Lama, até a Roberta duvidou e foi perguntar a um segurança que confirmou.

Nas fotos que eu tirei naquele dia, no templo, há algumas dos altares, do pátio, da senhora esperando Sua Santidade na porta da residência dele, alguns monges entrando pela secretaria, o carro do Dalai Lama chegando, ele acenando para nós, o carro da segurança estacionando e os expectadores que posso contar na foto e são cerca de 30. Ampliando a foto do carro, se vê claramente Sua Santidade olhando para nós, sorrindo e acenando. O chip da câmera da Roberta parou de funcionar quando ela tirou fotos da senhora tibetana. Ela estava com uma máquina melhor, mais profissional e teria tirado ótimas fotos. Porém, dizem que os melhores momentos são para relembrarmos pela emoção e não pela imagem. Nós ficamos extasiadas, felizes, foi um banho de bálsamo.

Já havíamos tido uma experiência semelhante em São Paulo quando fomos assistir a uma palestra do Dalai Lama no Ibirapuera e na saída, indo para o carro, quando estávamos na calçada tivemos que parar, pois um carro saia do estacionamento. Era o automóvel que levava a Professora Lia Diskin e o Dalai Lama. Paramos, para o carro passar, e ficamos a 20 cm dele. Sorriu e acenou para nós e foi muito emocionante.

Em 2014, olhei a agenda do Dalai Lama no site oficial e vi que haveria um ciclo de teachings, ensinamentos, em Mcllo, em novembro. Eu mandei um e-mail perguntei se eu, estrangeira, poderia participar desse curso. Responderam afirmativamente e orientaram para que quando chegasse à cidade, me inscrevesse. Seriam teachings, ensinamentos, ministrados em Dharamsala, de 11 a 13 de novembro: Sua Santidade daria ensinamentos sobre a Preciosa Guirlanda do Caminho de Nagarjuna a pedido de um grupo de coreanos no Templo Tibetano principal e então eu fiz toda a programação da viagem baseada nas datas em que ele estaria em Dharamsala.

De Katmandu para Dharamsala, via Delhi.

Pegamos um voo de Kathmandu a Delhi pela IndiGo, uma cia aérea ruim, pois os aviões são apertados, não fornecem nem água de graça e a comida se resume a salgadinhos pré-fabricados de péssima qualidade. Em contrapartida permitem que entre no avião com garrafas de água. Eu mesma levei um litro.

A saída do aeroporto de Katmandu foi surreal, pois eles revistam as malas e as pessoas tantas vezes que na hora de subir as escadas para o avião há uma cabina na frente da escadaria, com mais uma revista. Eu olhei para a policial e ela percebeu minha insatisfação ou decepção e disse sorrindo que era a última, com certeza.

Chegando em Delhi, fomos direto para o Yes Please Cottage na Laxmi Narayan Road porque em 2012 era recém-inaugurado e bom, porém como tudo na Índia, já tinha se deteriorado em apenas dois anos. Tudo se deteriora rápido porque eles não mantém, não limpam direito.

Fomos comer no Malhotra, que também estava caído, assim como o Café Fiesta inaugurado em 2012. É incrível como eles não sabem manter uma coisa limpa, em ordem, organizada. Os indianos fazem tudo, como nós dizemos aqui no Brasil, “nas coxas”. A comida continuava boa, mas o Café Fiesta estava cobrando uma taxa de serviço abusiva, maior que 10%, além de outros impostos e não forneciam mais senha de wi fi. Não voltamos mais, e fizemos as refeições no Malhotra.

Tínhamos que comprar tickets para ir a Dharamshala e não estávamos muito preocupadas, pois sabíamos que era fácil ir para lá partindo de Delhi. Era possível ir de trem, de ônibus ou de táxi. O meio mais complicado seria de trem porque teríamos que descer em Pathankot e pegar um ônibus bem ruim.

Optamos por boletos de ônibus que compramos em uma micro agencia que ficava na Main Bazaar em uma sala de não mais deu 3 metros quadrados. O dono era um chato, mal educado e seu ajudante resolvia tudo conosco. Ele disse que o ônibus era ótimo, dissemos que sabíamos que não era que não precisava mentir que tínhamos anos de Índia. Então ele falou que nos pegaria ali na porta da loja e nos levaria até o ônibus que partiria de um local próximo da central de trem.

Duvidamos da oferta de algum meio de transporte que nos levaria até o ônibus, mas os deixamos e fomos passear e conhecer novas lojas, pois tudo muda rapidamente naquela rua. Compramos algumas coisas para a viagem e chegamos até a loja do senhor que faz tatuagens e vende block prints.

Na frente da loja dele havia vários rapazes tatuando com hena e a Roberta resolveu fazer uma tatoo nos braços. Eles era de classe média e depois percebemos que estavam dando golpe nos turistas estrangeiros. Diziam que cobravam por partes, por centímetros de tatuagem e não por uma de determinado tamanho. Mostravam revistas e fotos e não diziam claramente o preço final.

Conforme tatuavam iam perguntando se poderiam fazer mais isso, mais aquilo, o cliente perguntava o preço e eles não eram claros. Foi tanta confusão que entendemos que o preço seria de 300 rupias, que é o preço normal e nos sentamos. Enquanto um deles tatuava a Roberta fiquei conversando com outro que estava aprendendo português e dizia que conhecia brasileiras na internet.

Na hora do almoço alguns sikis chegaram com carrinho com uma foto de Sirdi Sai Baba, alguns potes enormes de alimentos e pratos descartáveis. Uma fila se formou. O cheiro era ótimo e serviram dal, arroz e curry. Os tatuadores nos contaram que aqueles sikis sempre distribuíam comida para pessoas pobres, pessoas mais necessitadas, pessoas que vivem nas ruas.

Um senhor muito estranho apareceu para comer. Era esquisito e seus olhos eram esbranquiçados e lacrimejavam o tempo todo. Ele ficava olhando diretamente para o sol e dizia que estava eliminando coisas ruins e recebendo energia divina; estava se purificando. Falava muito e cantava mantras. Disseram que ele fazia isso todo o tempo e que logo ficaria cego de tanto que olhava para o sol. O idoso dizia que o sol lhe dava vida e saúde e realmente ele parecia muito saudável. Era velho, disse ter mais de 70 anos e não parecia realmente. Se tinha mais de 70 anos, estava fisicamente bem conservado porque ele era musculoso apesar de velho.

Na hora de pagar a tatuagem o rapaz pediu mais de mil rúpias, nós discutimos com ele, pois ele tinha dito outro preço, ele riu e aceitou o que quiséssemos pagar. Almoçamos, reunimos nossa bagagem e fomos para agencia de ônibus. Obviamente não havia carro, tuktuk, bike, cavalo, elefante, nada, para nos levar ao ônibus. O homem desdenhou e disse: “Vocês sabem que nessa rua não entra carros grandes, ou querem que um ônibus as venha pegar?”.

Foi bem grosseiro e eu o chamei de mentiroso. Ele ficou possesso e o ajudante disse que levaria nossas malas. Foi tanta confusão que a Roberta disse para ele dar um jeito porque nós não iriamos a pé. Ele chamou um tuktuk e disse que nós que teríamos que pagar. Nos recusamos a pagar e então o homem começou a falar em hindi com o jovem que disse para irmos. Subimos no Rick Shaw bike e chegamos rapidamente no ponto de ônibus, ou onde o ônibus deveria estar, em frente ao chama Siri Lanka Buddhist Pilgrim's Rest na Chelmsford Road.

Enfim, lá estávamos na calçada esperando o ônibus. Alguns outros passageiros começaram a chegar e o rapaz que tinha levado lá encontrou outro homem que parecia ser o responsável pela viagem. Ficava ao telefone e parecia reclamar com alguém, os dois discutiam e telefonavam para alguém e isso perdurou por vários minutos. Estávamos com mais de meia hora de atraso e percebemos que o ônibus não chegava porque o motorista não tinha acordado. Sim, o motorista do ônibus tinha perdido a hora e eles telefonavam, brigavam. Discutiam, falavam para nós que em minutos o ônibus chegaria, mas os indianos que ali estavam haviam entendido a conversa em hindi e nos contaram.

Nada acontecia, começou a escurecer e nós jogados na avenida, na calçada. Não havia bancos, nem uma barraca sequer vendendo água, nada. Nós no meio da avenida esperando um ônibus que duvidamos que chegasse.

Estava difícil não perder a calma porque o homem era muito grosseiro e quando perdemos a paciência, fomos falar com ele e dar um ultimato. A Roberta perguntou o que realmente estava acontecendo e quanto tempo de fato iriamos ter de esperar, pois se fosse muito estávamos dispostas a desistir e queríamos o dinheiro de volta.

O rapaz que nos tinha levado até lá disse que não tinha problema nenhum e que tudo logo seria resolvido. Colocou a culpa no trânsito, mas nós sabíamos que era mentira. Uma característica dos indianos é a mentira. Eles mentem muito e à toa, faz parte da cultura esse tipo de embromação. Uma mentira sem consequências drásticas, uma bobagem para enganar as pessoas, eles fazem isso com a maior destreza e acham que não tem problema algum agir assim.

Depois de mais 15 minutos de atraso um ônibus estacionou e o motorista não nos deixou sentar onde desejávamos, ou melhor, nos bancos que havíamos comprado. Percebemos que haviam bilhetes duplicados, pessoas com os mesmos números de assento, e em meio a uma enorme confusão o ônibus partiu. O carro rodou uns 20 minutos e parou. Aquele senhor mal educado, que não saia do telefone, disse que tínhamos que descer e nos recusamos, pois não haviam dado explicações. Começaram a nos tirar do automóvel e falou que esse ônibus não iria para Dharamsala e sim para outro local.

Revoltados, descemos do ônibus e todos pediram explicações. Ele disse que ocorrera um problema com o motorista que nos levaria a Dharamsala, mas que em breve outro ônibus chegaria. Na verdade, seria um ônibus para Manali. Disse que todos deveríamos embarcar para Manali e de lá iriamos para Dharamsala.

Eu e minha irmã ficamos revoltadas, o sangue subiu. O rapaz da agencia tinha sumido e estávamos a mercê do mal educado do telefone.

A primeira coisa que dissemos foi que não iríamos para Manali porque tínhamos comprado passagem de Delhi para Dharamsala, e direto, sem escalas. Estávamos no meio de outra avenida, mais suja, mais na periferia de Delhi e havia mais gente no entorno. Nossas malas e mochilas todas jogadas no chão e começamos a ficar muito nervosas.

É curioso como os indianos não reclamam, eles ficam passivos, observando. Às vezes falam algo, mas se o mal educado gritasse eles se calavam. Havia uma inglesa, a Genevieve, e ela ficou ao nosso lado. A Roberta disse que queria a verdade, pediu para aquele homem esquisito nos dizer o que estava acontecendo e ele virava as costas e continuava no telefone.

Eu comecei a encará-lo e chamá-lo de mentiroso, e repetia encarando-o “Lier, lier, lier”. A Genevieve dizia que não adiantava nada, que ele não ligava porque era mesmo mentiroso. Ele virava as costas e eu continuava. Era ignorante, estupido e nos tratava como os homens indianos tratam as mulheres, ou seja, com desprezo machista. A Roberta perdeu a paciência e disse que “Agora o senhor vai me dizer a verdade ou eu vou chamar a policia”, ele riu e continuou ao telefone, falou que não ia dar explicações, que não devia explicações, que na Índia era assim e ponto final. Então ela arrancou o telefone da mão dele, colocou no bolso da calça dela e disse que só devolveria na hora que ele olhasse nos olhos dela e desse explicações que nós merecíamos. O homem ficou possesso e foi para cima dela e eu me coloquei no meio. Todos os indianos homens ou mulheres nada fizeram. A Genevieve arregalou os olhos e vi que estava do nosso lado, assim como um casal que viajaria conosco. Foi chocante perceber, que mesmo estando indignados, os outros passageiros indianos aceitavam tudo o que o homem dizia e baixavam a cabeça. Povo indiano aceita o que esses caras fazem ou dizem. A Índia é um pais onde a síndrome do pequeno poder reina absoluta em pessoas desse nível. O mal educado do telefone, não pode fazer nada, a Roberta falou que devolveria o telefone para ele quando entrássemos num ônibus direto para Dharamsala e ele reclamou dizendo que precisava do telefone, mas não o entregamos.

A coisa mais interessante disso tudo foi que em poucos minutos chegou o ônibus direto para Dharamsala. Mas exigimos ver a planilha da viagem falamos com o motorista para nos certificarmos de que iríamos para Dharamsala direto, a Roberta devolveu o celular e nos acomodamos uma bela viagem começou.

Saindo do perímetro urbano de Delhi, pegamos uma estrada muito movimentada e depois de algumas horas, o ônibus começa a pegar rotas alternativas, pequenas estradas vicinais com uma flora rica, arvores diferentes e naquela noite de lua cheia tudo ficava mais bonito. A Roberta dormia e eu desfrutava da beleza impar. Tinha vontade de fotografar, mas as janelas eram lacradas. A paisagem me lembrou a que tinha visto pelo Nepal e pelo Peru, também.


Chegamos em Mcleod Ganj, depois de quase 500 km de viagem, bem cedinho e estava amanhecendo Fomos direto para o Hotel Tibet, onde tínhamos reserva e o rapaz da recepção reclamou do horário. Contamos sobre o atraso, mas ele estava bem nervoso. Pedimos para que deixasse a Genevieve ficar conosco, pois não havia quarto vago para ela, e ele foi meio durão disse que não podia colocar uma cama extra. Nos imploramos dissemos que tínhamos viajado muito, que estávamos cansadas, que ela não tinha hotel reservado estava frio e eram 5 da manhã. Ele consentiu, disse que ela podia dormir no quarto com a gente que não ia cobrar nada mas não podia conseguir uma cama extra naquela hora da manhã. Agradecemos e fomos dormir.

Quando nós acordamos na manhã do dia 9 e saímos com a Genevieve para tomar café, nossa intenção era comer no Gayki da Dona Kalsang, mas estava fechado. Então nós fomos no Peace Café, onde há uma excelente comida e o melhor balek de Mcllo. Comemos muito bem, aliás come-se muito bem em Mcllo, e depois Genevieve foi procurar um hotel e nós fomos ao centro de médico eu entrei na fila para ser examinada pelo Doutor Dorge, o mesmo que tinha me examinado em 2012. Em 2012 tinha ido para conhecer medicina tibetana desta vez eu estava doente queria um outro diagnóstico queria ter certeza de que eu estava com gastrite.

Quando chegou minha vez eu comentei que havia estado em consulta com ele há dois anos antes e ele me perguntou se eu tinha trazido a receita médica antiga eu disse que não e ele não gostou muito. Falou que eu precisava aquecer o fígado, tomar muita água quente, líquidos quentes, evitar comidas ácidas e confirmou o diagnóstico do médico nepalês e também do médico coreano.


Depois tentamos comprar chá na lojinha e em seguida fomos ao Snow Lion que agora estava remodelado. Não era mais aquele hotel com um restaurante nos fundos, tinha se transformado num belo café e restaurante com um hotel na parte de cima. Conversando com eles mas soubemos que a dona Tenzin continuava dona, porem Gyatso, seu irmão tinha feito toda a reforma e modernização e agora administrava tudo com ela.

Nós nos hospedamos duas vezes no Hotel Snow Lion e comíamos sempre no bom restaurante que tinha no térreo, mas era nos fundos. A comida sempre foi boa, as panquecas eram ótimas assim como os bolos e tortas doces. Agora ele está muito melhor muito, serviam café, cappuccino, french press, sucos, outros tipos de bolos, veggie Burger, enfim, um cardápio maior.

Ficamos por ali, tomamos água com gás e limão e uma sopa de cogumelos.depois revimos nosso amigo vendedor de castanhas e espciarias, da Kashemira e descendo a rua fomos encontrado as senhoras que faziam tricô, bolsas, e perguntamos da Dona Kalsang e elas disseram que estava de férias

Vimos alguns amigos e depois voltamos para o hotel, a Genevieve chegou e contou que conseguira um lugar para ficar, a Roberta foi conversar com o Tenzin e todas as diferenças foram esclarecidas. Genevieve foi embora com sua mochila e ficamos no saguão com Tenzin, pois eu lhe contei que queríamos ver os teachings do Dalai Lama e disse que tinha escolhido Hotel dele porque era um local estratégico perto do local onde faziam o credenciamento para o evento, então ele disse para mim que podíamos guardar lugares para sentarmos no templo, reservar a maneira tibetana. Tínhamos que ir ao templo na véspera da palestra levando uma almofada, mat, um pano, um papelão ou um cobertor, enfim, qualquer coisa para marcar o nosso lugar e bastava escolher e deixar lá a marca com a almofada ou etc. Garantiu que ninguém pegaria, pelo menos ninguém tibetano.


Ele nos contou que distribuíam chá de manteiga e pão tigmo, e ainda falou para nós irmos bem cedo no escritório central que ficava ali na rua no prédio ao lado para pegar nossas credenciais, nos disse que bastava preencher um papel e pagar uma taxa pequena e deixou claro que sem credencial mas não iríamos entrar no templo.

A vila de Mcllo é agradável, tem muitas coisas para fazer porque tudo muda muito, tem muitas pessoas para rever, novas comidas para provar, novas lojas para conhecer, pois é uma cidade que está sempre mudando. Os meninos do movimento Students for free Tibet tinham aberto uma loja na Rua do Snow Lion perto da oficina dos refugiados tibetanos, onde fabricam muitas bolsas, sacolas, cortinas, tankas, roupas e etc., que são vendidas nas barracas nas ruas.

A loja dos meninos era novinha em folha e com cheiro de tinta. Eu e Roberta entramos começamos olhar as camisetas Eles não tinham muitos produtos porque já tinham vendido muito. Comentamos que havia muitos turistas em Mcllo A vila, na realidade, está muito globalizada para o meu gosto e com turistas demais. Em 2007 quase não havia turistas estrangeiros, muito menos brasileiros. Encontramos uma única brasileira lá.

Agora toda vila fora invadida, hotéis se multiplicavam, assim como novos lugares para comer. Os meninos da loja Students for free Tibet estavam muito contentes porque eles estavam vendendo muito. Compramos algumas camisetas para nós, porém não tinha tudo o que queríamos Compramos para dar de presente, e ainda levamos dois blusões para nós.

No dia seguinte bem cedinho tomamos um café horrível no hotel Tibet. O iogurte estava congelado, o pão de forma do cheese toast era grosso, coberto com queijo ralado, ao estilo Nepalês. A Roberta ficou esperando a Genevieve no Hotel e eu fui correndo para a fila do credenciamento para os teachings do Dalai Lama.

Já tinha umas 30 pessoas na fila e havia um brasileiro distribuindo o papel que deveríamos preencher. O preço foi de apenas 10 rúpias e incluía a capa de plástico e os clipes para prender na roupa. Precisava de fotografia e tínhamos levado porque Tenzin tinha avisado sobre a foto, inclusive ele nos disse onde era possível fazer uma foto caso não tivéssemos, mas nós tínhamos porque já sabíamos dessa exigência. Muitas pessoas na fila chegavam ao escritório onde estavam preenchendo as credenciais e voltavam porque não tinham fotos.

Nós ficamos felizes com as nossas credenciais e fomos tomar café no Snow Lion.

Genevieve nos deixou, pois iria tentar recuperar o iPod esquecido no ônibus que nos trouxera a Mcllo e eu e a Roberta formos comprar almofadas de meditação para colocar no templo.

Mais tarde nós três fomos ao templo reservar nosso lugares e ao chegar à entrada soubemos que agora era estritamente proibido entrar com câmeras, telefone, ou qualquer equipamento eletrônico por causa do recente atentado ao templo de Bodhigaya,

Quando subimos não havia ninguém além das pessoas que revistavam as bolsas. Lá encima apenas alguns monges e um deles me deu um colchonete, Ele disse para eu colocar o colchonete num lugar e esse seria meu lugar.Ele achava que poderíamos ficar ali, a visão seria privilegiada, e aceitei a oferta, colocamos as almofadas, a manta da Genevieve, escrevemos nossos nomes num papel e fomos embora.Nos separamos e eu e Roberta fomos para o templo atrás da casa do Dalai Lama, o Lhagyal Rei, nós passamos boa parte da tarde lá e depois nós telefonamos para o tuk-tuk nos pegar porque estava anoitecendo e eu ainda estava adoentada.Aliás, eu tinha piorado, tive um problema ao chegar à cidade que me obrigou a enviar mensagem para minha médica e pedir instruções.Naquele fim de tarde o por do sol foi maravilhosos e conhecemos um novo memorial em homenagem ao jovem Yeshi, a cujo velório fomos em 2012. A história desse menino que eu conto em outro post foi muito emblemática porque ele foi o primeiro tibetano não monge a se auto imolar com fogo e também foi a primeira pessoa a se auto imolar fora do Tibet e na Índia.

Voltamos para o centro e encontramos com Genevieve no Snow Lion para combinarmos toda estratégia para manhã seguinte. A ideia era acordar bem cedinho, às 6 horas da manhã, e ir para o templo porque Tenzin avisou que haveria muita gente e que haveria revista e demoraria. Ele nos falou que a transmissão era feita via rádio com tradução simultânea e que nós poderíamos ouvir em qualquer língua; mas ele achava que não tinha português. Dalai Lama falaria em tibetano porque estava em casa, porém como o evento era a pedido dos coreanos haveria um tradutor coreano ao vivo e quem quisesse ouvir tinha que ter um rádio e ouvir através de uma onda curta do templo.

Eu tinha um iPod, a Roberta tinha também um MP3 Player e a Genevieve também tinha recuperado o mp3 dela. Bastaria chegar lá conectar na onda do idioma escolhido e pronto, Esse era o único aparelho permitido no templo e havia uma porção de gente vendendo rádio com fone de ouvido pelas ruas e na porta do templo.

Encontramos Genevieve na manhã seguinte na entrada do templo e passamos pela revista Quando fomos até nosso colchonete emprestado pelo monge na tarde anterior, um segurança disse que ali era lugar exclusivo para os monges e tivemos que mudar. Como era muito cedo conseguimos um bom lugar para colocar o colchonete, as almofadas, a manta e ficamos ao lado de monges e de senhorinhas tibetanas.

Quando nós sairmos no hotel naquela manhã estava muito frio, ainda estava escuro e havia pouca gente na rua. Um esperto senhor dono de uma lojinha, fritava samosas e nós tínhamos comprado provisões: biscoitos escoceses digestivos, água, suco, chocolate e frutas secas e castanhas.

As pessoas foram chegando, o local lotou e por volta das 10 horas o Dalai Lama chegou; foi um momento de emoção, aparecia toda a movimentação nos telões e todos estavam ansiosos assistindo os passos do Dalai Lama chegando ao templo, cumprimentando velhinhos, acenando, cercado por fotógrafos oficiais, credenciados e seguranças.

O Dalai Lama é uma pessoa muito simples, divertida; ele brinca, faz piadas e é muito bem humorado. É feliz, sorri o tempo todo, tem um humor fabuloso e uma simplicidade impar para explicar as coisas Só quem assistiu alguma palestra ou leu um livro sabe.

Num determinado momento ele parou, olhou para todos e disse: "Agora é hora do chá" (tea time) e soltou uma risada contagiante. O templo tremeu com todo mundo rindo foi bem emocionante. Os monges noviços começaram a passar com chaleira gigante dando chá para todo mundo, mas cada tinha sua caneca e tínhamos as nossas porque Tenzin tinha nos avisado sobre isso também. Nos serviram o famoso chá tibetano de manteiga que eu particularmente não gostei. A Genevieve gostou e até repetiu. Eu não repeti, mas eu tive que tomar tudo e a Roberta também, mesmo não gostando. Ganhamos Tigmo e enquanto todos comiam e bebiam chá, inclusive Sua santidade, a Roberta teve a ideia de irmos até a porta do salão para olharmos para ele mais de perto. Ficamos ali acenando para ele até que acenasse para nós. Ele acenava e sorria, e às vezes ele olhava tão profundamente, um olhar impactante, de fazer a gente estremecer. Foi emocionante quando nós percebemos que ele olhou para nós de fato e acenou para as três.

Nós voltamos para o nosso lugar e as palestras continuaram. Foi muito bacana tinha tradução para inglês, hindi, espanhol, francês, italiano, russo, pelo que eu me lembro.

Saímos da palestra e fomos almoçar. No dia seguinte foi a mesma rotina: acordamos cedinho, encontramos com Genevieve no templo, passamos pela revista, encontramos nossas almofadas no local onde as tínhamos deixado, interagimos com os monges e com as tibetanas, assistimos aos ensinamentos de Sua Santidade, comemos tigmo, mas não tomamos o chá de manteiga.

Foto de Tenzin Choejor, tirada do site do Dalai Lama.com

Quando nós estávamos à espera do início dos teachings do Dalai Lama, do local onde nós estávamos sentadas dava para ver a movimentação dos monges noviços fazendo o chá. Mexendo nas chaleiras, acrescentando leite, passando de um jarro para o outro. Depois eu li que o chá de manteiga, apesar de parecer uma coisa muito simples, é um chá muito elaborado e demorado de fazer porque eles usam uma base de chá preto de preferência o tipo de chá especial pemakok concentrado, prensado. Esse tijolo de chá prensado é introduzido no leite e fica encorpando o leite. depois de um tempo determinado, e o leite fica bem escuro. Depois coam e acrescentam manteiga e mais um pouco mais de leite ou, às vezes, um pouco de água, dependendo de quantas pessoas tenham para tomar. Os meninos lá em cima do templo ficavam mexendo, jogando de uma tigela para outra e era um ritual muito bonito. No Tibete eles usam leite de Yak, que é um leite mais rico em menos doce. O chá fica bastante encorpado e engordurado. Como já disse, eu não gostei porque tem muito gosto de manteiga. Os tibetanos dizem que no frio clima do Tibete esse chá indispensável para sobrevivência.

Os ensinamentos desse breve curso em Mcllo eram muito interessantes e o clima era muito bacana.

Ao sair do templo, sempre almoçávamos e depois fazíamos algum passeio ou atividade. Naquele dia 12 de novembro estava frio e fomos tomar um lanche mais tarde. Genevieve nos contou que estava maravilhada e impressionada com o Dalai Lama. Ela já ouvira falar dele, mas nunca lera um livro e nem mesmo sabia que recentemente ele tinha estado em Londres para receber um premio. Ela estava especialmente impactada pela energia, alegria, humor, sabedoria, força, luz dele e nos perguntou:

"Porque amanhã não vamos bem cedinho até a porta da casa dele e tentamos vê-lo mais de perto? Quem sabe ele não nos olha e fala com a gente!"

"Uau!!! Como é que não tínhamos pensado nisso antes?"

Então combinamos de chegar bem cedo na porta que dava acesso a um tipo de escritório para entrada da casa onde Dalai Lama morava. Quando eu e a Roberta chegamos lá, descobrimos que tinha uma porção de pessoas agendadas para falar com ele antes do evento e essas pessoas entravam, formavam uma fila por onde ele passariam. Ficariam com khatas nas mãos e alguém de sorte teria sua khata colocada no pescoço por ele e talvez ainda pudessem lhe entregar pessoalmente os presentes que levavam.

Quando nós descobrimos isso, eu e a Roberta ficamos frustradas e eu pensei:

"Por que o rapaz com o qual falei por e-mail e me deu as dicas sobre os teachings não me disse que era possível agendar um encontro? Ele falou do credenciamento e de algo mais, mas nunca mencionou que o Dalai Lama recebia pessoas assim."

Nós ficamos morrendo de inveja daquelas pessoas que estavam a pé levando presentes e prestes a encontrá-lo. Pedimos para entrar, e o homem falou que o numero era limitado, por segurança, e deu um cartão para agendar numa outra vez.

Genevieve chegou nós contamos para ela. E fomos para o templo, percebemos que a passagem pelo portão era muito grande e não conseguiríamos muita proximidade em relação ao Dalai Lama entrando no templo perto da escada pela qual ele subiria para depois ir para o salão e sentar no troninho dele. Havia uma porção de senhores e senhoras tibetana enfileirados ladeando o trajeto a ser percorrido por Sua Santidade, e estavam isolados por uma fita que terminava no inicio da escadaria. O Dalai Lama iria passar ali e havia muitas pessoas autorizadas, seguranças fotógrafos autorizados e guardas.

Eu olhei para segurança tibetano e perguntei se eu poderia ficar ali naquele canto na quina da escada e ele disse que sim. Ao meu lado por fora da fita, estava um fotógrafo indiano do meu lado direito. A Roberta é Genevieve ficaram do meu lado esquerdo e uma Senhorinha tibetana se infiltrou ali no meio ficou ali com a gente. E lá nos acomodamos, desde cedo, sentadas no chão esperando o povo chegar e resistindo a algumas pessoas que tentavam roubar o nosso lugar, mas nós somos firmes.

Quando o horário se aproximava os telões começaram a mostrar as pessoas saindo da casa do Dalai Lama, aquelas pessoas que foram receber benção e presentes dele. Em seguida, essas pessoas começaram entrar por aquele corredor no templo chorando com a kata na mão, com mala na mão, que deduzimos ser presente de Sua Santidade.

Em seguida vieram alguns monges, e nós começamos a ficar emocionadas, alguns fotógrafos começaram a vir para filmar e fotografar, e nós nos entreolhamos começamos ficar ansiosas, então nós vimos um monte de tibetanos fazendo referencia ao Dalai Lama que estava vindo.

Sorridente, andava rápido lépido solto virava pra direita e para esquerda acenava, o caminho até nós era inevitável pois ficamos num local super estratégico e o segurança tinha me garantindo que o Dalai Lama iria subir aquela escada. Então ele caminhava e cumprimentava alguns tibetanos idosos e a emoção tomava conta de todos os tibetanos, dos estrangeiros, dos indianos, dos fotógrafos, dos seguranças. Na nossa fila, haviam muito velhinhos e velhinha reverenciado o Dalai Lama e então ele parou, bem à minha esquerda e começou a conversar com alguns idosos, os abençoou e continuou sua caminhada em direção a escadaria, mas antes que ele pudesse passar por nós a Roberta gritou:

"His Holiness, His Holines, I came from Brazil just to see you"

Até hoje quando me lembro dessa frase me emociono por que ela gritou com toda força, com muita emoção e todo mundo olhou para ela inclusive o Dalai Lama. Ele veio em nossa direção e disse com aquele vozeirão dele:

“From where?“

E a Roberta disse: “From Brasil”, e para dizer a verdade eu não lembro mais o que ele falou porque foi tanta emoção e tudo passou rapidamente ou lentamente. Parece que foi em câmera lenta. Ele nos deu a mão. Falou com a Roberta, ela nos apresentou. Peguei a mão dele a Roberta disse que eu era irmã dela e que Genevieve era “minha amiga da Inglaterra”.

Então ele deu a mão para nós três falou que conhecia o Brasil, nos abençoou e a senhorinha tibetana que estava ao meu lado. Passei a mão mais uma vez na mão dele, e nem lembro muito bem o que ele disse porque foi muito emocionante, mas comentou que conhecia o Brasil que tinha estado algumas vezes e que gostava. Os seguranças acharam que estava parado ali há muito tempo e começaram a conduzí-lo para a escadaria. A Roberta desabou e começou a chora copiosamente abraçada na Genevieve e depois em mim.

E ele subiu e tão logo foi acomodado na sua cadeira dentro do templo o povo, que estava na parte debaixo do templo, foi liberado e pode subir também. Não nos deixaram ir para nossas almofadas, e muitos ficaram nos olhando admirados e só fomos entender isso mais tarde.

Nosso lugar estava tomado por alguns estrangeiros mal educados, mas os monges e as tibetanas (que nos conheciam dos outros dias) fizeram eles sairem e nos acomodamos. Parece que disseram algo do tipo “elas chegaram, são as donas do lugar”. Não teve conversa pois estávamos ao lado de um grupo de senhoras tibetanas, ao lado de um pilar onde ficava uma anciã e atrás da gente e na frente também só monges

Mais a frente estavam estrangeiros. Nos acomodamos para o ultimo dia de ensinamentos do Dalai Lama, mas estávamos em êxtase, inebriadas pela luz, força, grandeza daquele ser iluminado. Sentimos sua luz, sua pele de bebe, seu sorriso, sua bondade.

Genevieve ficava olhando para o teto, sem nada dizer. Roberta continuava sem acreditar no que tinha acontecido e eu estava em êxtase também. No fim da palestra voltamos para o centro e a Roberta e Genevieve foram para o Hotel Tibet pegar agasalhos e eu fui para o Snow Lion. Estava na mesa de sempre quando o amigo do Gyatso, dono do Snow Lion, que as vezes ajudava a servir as mesas, veio por trás, segurou a minha mão, olhou nos meus olhos e disse

“Hoje você foi abençoada.“

Eu me surpreendi, parei olhei para ele e perguntei: “Como eu não entendi!”, e ele repetiu “Você recebeu uma benção. Eu te vi no templo hoje. Todo mundo viu, apareceu na tela, na TV.”

Várias pessoas do restaurante comentaram que nos viram. Quando a Roberta chegou com a Genevieve falaram com elas também. Na rua, as senhoras tibetanas que estão sempre a tricotar meias, gorros e cachecóis, nos chamaram para comentar que tinham nos visto ser abençoadas e dar as mão para o Dalai Lama. Descobrimos que tinha passado no telão e na TV.

Não temos fotos porque é proibido entrar com câmeras, mas o fotógrafo indiano que estava do meu lado tinha tirado fotos nossas com o Dalai Lama. A Roberta foi atrás dele e pediu para ele nos enviar as fotos por e-mail, mas ela deu o e-mail dela em um pedaço cartão de visitas e obviamente ele deve ter perdido

Naquele dia, no Snow Lion nos encontramos uma fotógrafa e ela disse que tinha fotografado a Roberta e falou que iria nos mandar as fotos, mas nunca mandou, Ainda no Snow Lion encontramos um fotógrafo russo que disse que tinha tirado algumas fotos do local onde estávamos mas não tinha certeza se nos fotografara. Ele tinha apenas fotos do setor de onde assistimos as palestras e nos mandou no mesmo dia.

Essa foto que coloquei nesse post (logo acima, no inicio dom post), é tirada pelo fotografo oficial do Dalai Lama, Tenzin Choejor, é uma foto do dia do dia 13 de novembro de 2014 e esse segurança indiano, como eu já disse, é o que afastou a minha mão e o monge que está o lado do Dalai Lama é o coreano.

A posição da foto e o local da foto é quando Dalai Lama olhou para nosso lado, naquele saguão e ao fundo pode-se ver as árvores e as pessoas. Creio que a foto foi tirada um pouco antes de ele parar para conversar com os velhinhos.

Por dias as pessoas comentavam que tinham nos visto falar com o Dalai Lama, a Yentsing, comentou dias depois com Sra Kalsang que tínhamos sido abençoadas pelo Dalai Lama, quando a encontramos. Há um canal de televisão tibetano e ficam passando noticias repetidamente. No templo tudo foi visto nos telões.

E todos os nossos amigos tibetanos, incluído o Tenzin do Hotel, o pessoal do Snow Lion, nossas amigas tibetanas e até os meninos do Free Tibet, foram unânimes em dizer que tínhamos sido abençoadas e que foi muita sorte pois existem vários tibetanos que moram em Mcllo e nunca conseguiram isso. A possibilidade de um tibetano falar com Dalai Lama, de toca-lo e falar com ele é realmente muito grande porque ele recebe as pessoas, mas não pode receber a todos.

Quando tocamos o Dalai Lama, eu estava com um belo mala nepalês, que comprei em Boudanath, no Nepal, com contas de madeira encrustadas com coral e turquesa. O Dalai Lama tocou no meu mala porque na hora que ele foi apertar minha mão eu estava com o rosário enrolado na mão do mesmo jeito que o Richard Gere e alguns monges usam.

Aliás esse mala fez um sucesso enorme entre os monges tibetanos. Houve um dia, durante os ensinamentos, que o monge que estava sentado atrás de mim tocou meu pulso, meu braço e pediu para ver o mala. Entreguei a ele e o mala rodou pelos monges. De mão em mão todos queriam ver e só depois de cerca de 10 minutos retornou para minhas mãos. Acharam lindo e perguntaram onde tinha comprado. Foi um sucesso.

Há muito mais para falar dessa estadia em Mcllo pois sempre ficamos pelo menos uma semana na cidade. Dessa vez, como eu estava doente, não chegamos a ir a Bhagsu, mas passeamos por ali, fomos Igreja Anglicana e em Norburlinka, mais uma vez.

Nessa segunda visita a Norburlingka conseguimos ver todas as oficinas, tiras fotos, conversar com as pessoas, ver as aulas de pintura de thangka, de entalhes, de tecelagem.

Fomos de táxi até Dharamsala, ficamos na parada perto do hospital e pegamos outro anibus até Norburlingka. São cerca de 11 km que Mcleod até lá.

Esse ônibus deixa o passageiro na estrada Palampur Dharamsala Road e até o complexo é uma pequena caminhada de cerca de 1,5 km por uma estrada de terra nomeada de Khanyara Road.

Na volta, paramos numa pequena venda pois um balcão com doces nos atraiu. Ao entrarmos um rapaz nos disse para subir a escadinha lateral pois havia um restaurante. Lá em cima era amplo, com mesas enormes, alguns produtos orgânicos mas a quantidade de moscas era irritante. Só não fomos embora porque estávamos com muita fome.

A comida era boa e o restaurante era vinculado a um templo budista que tinha uma escola de noviças e uma monja americana. Faziam um trabalho bacana com as pessoas do vilarejo. Os ensinavam a plantar e revendiam para fora e usavam produtos no restaurante.

Nesse mesmo dia Genevieve iria para o Rajastão, ela não pretendia ir a Udaipur, mas lhe dissemos que valeira pena. Fizemos uma despedida,com o Palsang, um monge que sempre comia conosco e que ficou bastante amigo dela. Ela nos presenteou com caderninhos da loja de Norburlingka e disse que nunca iria esquecer como fomos legais com ela, a deixando dormir no nosso quarto sem a conhecer e ainda guardando seus pertences até ela encontrar um hotel confiável. Pois o primeiro hostel em que ela ficou, não teve coragem de deixar o celular, câmera e mp3. Deixou tudo conosco, e quando conseguiu um hostel com cofre na recepção levou tudo para lá. No dia em que ia partir, deixou sua mochila em nosso hotel e usou o banheiro, e etc.

Nos ficamos mais alguns dias em Dharamsala, visitamos St John in Wilderness, onde participamos da missa, e depois a Roberta aparou o cabelo no mesmo barbeiro do Gyatso.




Roberta, Kalsang e eu

Conhecemos a Silvia que mora em Cotia e iria fazer um retiro no centro de meditação Tushita e fomos as compras com ela, pois estaria frio lá no centro de meditação e ela precisaria de polainas, gorros e luvas. E foi quando paramos em uma barraca e avistamos Kalsang, do Gaiky, e espontaneamente eu disse:

"Dna Kalsang!", ela se espantou e arregalou os olhos, a Roberta e a Silvia voltaram e foi uma festa. Eu perguntei se ela lembrava de mim e ela confirmou, disse que lembrava obviamente, pois eu e a Roberta comíamos sempre lá. ela recordou de quando a Roberta ficou mal do estomago e ela lhe fez comida especial, e de quando deixou nos duas entrarmos no seu restaurante quando estava fechado por causa da morte do Yeshi, em 2014. Naquele dia tudo estava fechado, só os comercio indianos abriram. Nos percebemos a movimentação dentro do restaurante dela que testava com as portas fechadas, e batemos, ela olhou pela janela, nos deixou entrar, serviu o café da manha e disse que tínhamos que comer rápido pois todos os tibetanos iam para o templo orar pelo menino.

Nós e a Something

A Something disse a ela que nós tínhamos sido abençoadas e tínhamos falado com o Dalai Lama e a Dna Kalsang disse que nós tínhamos que agradecer por essa benção. Ficamos sentadas com ela na barraca da Yentsing (não sei como se escreve o nome dela). A Silvia tirou as fotos e nós ficamos muito felizes. Dna Kalsang disse que tinha saudades de seus clientes, mas que tinha que ficar com o restaurante fechado. No dia seguinte a encontramos na rua e mais um monte de abraços e as amigas tibetanas se espantavam.

Tiramos fotos com nossas outras amigas e nos preparamos para partir depois de pegar a roupa na lavanderia. O dia estava frio e passamos a tarde no Snow Lion, comendo e nos despedindo. A Silvia tinha partido para o Tushita e eu e a Roberta dividimos a mesa com várias pessoas naquele dia e no fim da tarde fomos para a nova estação de onibus e partimos para Rishikesh com um casal de alemã e espanhola que dividiu a mesa conosco.

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