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Kathmandu - Nepal

  • Foto do escritor: Admin
    Admin
  • 27 de out. de 2014
  • 20 min de leitura

Atualizado: 10 de fev. de 2023


Indo para o Nepal:

De Pune para Mumbai - Mumbai para Katmandu.

Acordamos cedo em Pune e no fim da manhã fomos para a estação de trem, pois embarcaríamos para Mumbai. Ficamos surpresas porque era totalmente diferente de todas as outras paradas de trem que viramos pela Índia. Era limpa, tinha banheiro, era organizada. Havia uma lanchonete moderna, semelhante às brasileiras e, estranhamente, tudo era limpo e higiênico com sanduíches vendidos em guardanapos, iogurte com colher e etc. Compramos sanduíches, água e um pote grande de iogurte.

O trajeto até Mumbai é interessante porque passa pelo campo, tem uma paisagem diferente, montanhas belas e uma flora peculiar. Fomos num bom vagão, para os padrões indianos, só com pessoas de classe média para cima e não eram leitos, mas sim poltronas, pois a viagem não é muito longa.

O Sharavati Express levou cerca de três horas e meia para chegar ao destino. A fileira de assentos era formada por três poltronas que reclinavam e havia uma mesinha na frente, como as de avião. O serviço de bordo era intenso e pago, como em todos os trens.

Uma recém-formada em medicina sentou-se conosco. Seus pais estavam umas fileiras a nossa frente. Ela contou que era casada e tinha o sonho de ir embora da Índia. O marido morava na China e ela pretendia ir para lá e depois emigrar para outros país. Ela pertence a aquele grupo de jovens que tem vergonha de serem indianos. E nos contou que acreditava que a fanática a fé dos seus ancestrais fazia com que as pessoas ficassem cegas e ignorantes e que a pobreza, a miséria, a sujeira e toda parte ruim da Índia eram resultado da fé cega na religião. Foi surpreendente para nós a opinião dela sobre a cultura e a religião de seus ancestrais assim como a vergonha que ela sentia de ser indiana. Ela era muito inteligente, simpática e nos apresentou os pais. Apesar de falar mal das tradições tinha a cabeça pintada como todas as mulheres casadas.

Quando chegamos ao aeroporto, depois dessa viagem e de pernoitar no Elphinstone, pegamos uma revista de bordo na sala de embarque onde havia uma interessante matéria sobre essa geração dos indianos que tem vergonha de sua origem indiana. É um tema estudado pelos hindus que temem pelo fim da cultura do país. Os jovens que emigram se chocam com a realidade dos Estados Unidos, Canadá e Austrália (países para onde mais emigram). O primeiro choque para eles é a limpeza, os costumes e então ficam com vergonha. Foram criados acreditando que era natural jogar lixo e cuspir na rua. Comer com a mão, não escovar os dentes após todas as refeições e outros hábitos indianos são objeto de vergonha também. Concordo que a pior coisa da Índia é a sujeira e concordo que seja algo cultural, mas negar as origens, a bela cultura, e a religião tão rica é algo muito preocupante.

Lembrei-me de que nós, sete anos antes, estávamos viajando de Délhi em um ônibus com destino a Agra, para visitar o Taj Mahal. Havia somente indianos no ônibus excetuando nós duas e fiquei enojada a viagem toda porque uma mulher sentada no banco da frente abria a janela toda hora para cuspir e seu cuspe grudava no vidro da minha janela que por sorte estava fechado, fiquei com ânsia o tempo todo. É muito nojento e é um costume de homens e mulheres cuspir a qualquer hora, em qualquer lugar.

Chegamos em Mumbai no fim da tarde e muito cansadas. Fomos direto para Elphinstone. Tínhamos telefonando para o Mr Singh e pedimos um quarto para uma noite explicamos que iriamos para o Nepal no dia seguinte. Ele ficou muito feliz e reservar um quarto para nós e quando chegamos nos recebeu com aquele sorriso de sempre. Ele sabia que tínhamos ido para Aurangabad visitar as cavernas de Ajanta e Ellora e pediu para ver nossas fotos. Mr Singh contou que tinha muita vontade de conhecer as cavernas, mas não tinha dinheiro para viajar e comentou que os indianos têm tem pouca chance de conhecer o próprio país.

Sempre vimos muitos indianos visitando templos e monumentos, excursionando, viajando nos ônibus turísticos; porém são pessoas mais abastadas. Os mais pobres não tem chances de conhecer todas as belezas do pais o que não difere muito do Brasil. Porém no Brasil talvez as oportunidades sejam menores porque na Índia ainda existe o transporte ferroviário que é barato, funciona e os pobres podem pagar.

Quando nós chegamos no hotel Mr Singh, volto a dizer, quis ver as fotos e nós dissemos a ele que precisávamos comer e que quando voltássemos ao hotel levaríamos o netbook para ele. Fomos jantar, depois de um banho bem gostoso, no Sujinho que ficava em baixo do hotel. Comemos aquela comida saborosa e o dono do restaurante pareceu ter ficado feliz em nos rever, pois nos regalou com sorvete para sobremesa. Quando fomos pagar ele disse que podíamos pegar o potinho de sorvete na geladeira que ficava na porta de saída.

Voltamos para o hotel, a Roberta precisava fazer alguma coisa na internet e eu levei o netbook para o balcão da recepção e comecei a mostrar as fotos para Mr Singh. Os turistas de países mais ricos não dão atenção para as pessoas simples que trabalham nos hotéis e chegam a trata-los com desdém ou rispidamente. Cansei de ver europeus e americanos tratando os indianos muito mal. Mesmo enquanto eu conversava com Mr Singh e lhe mostrava as fotos, um hóspede americano não gostou muito e conseguiu deixar claro que o estávamos incomodando. Na realidade, o hotel é bem pequeno, com quartos mínimos então, a sala da recepção que é enorme funciona como uma sala de convivência, uma sala de estar, onde há algumas poltronas, mesas, onde se pode usar a internet e tem ainda uma geladeira com alguns refrigerantes e água. Saindo dessa sala há um corredor com algumas mesas onde se toma o desjejum e onde ficam mais alguns quartos.·.

Esse hotel não fica no centro badalado, porém fica próximo da estação Victoria e é um local que tem bastante tráfego de automóveis, logo se pode pegar um táxi facilmente para Colaba e o preço fica muito em conta. Valeu a pena ficar no Elphistone porque era novo, recém-reformado, limpo, tinha um ar condicionado maravilhoso, banheiros bons e modernos. Depois de mostrar as fotos fomos dormir porque o nosso avião sairia bem cedo, Mr Singh disse que iria pedir nosso taxi para o aeroporto.

Na manhã seguinte acordamos no horário programado e as malas já estavam prontas. A Roberta pagou, descemos e tomamos o táxi que Mr Singh havia chamado. A primeira coisa que o motorista nos perguntou foi: “Aeroporto doméstico ou Internacional?” Como o nosso destino era o Nepal dissemos ao motorista que ficaríamos na ala internacional. Quando eles nos deixou na ala internacional, pagamos descemos e nos dirigimos para a porta de entrada que estava repleta de guardas.

Na Índia tem guardas em todos os lugares é uma coisa muito ostensiva, mas Mister Singh nos disse que era por causa dos terroristas do Paquistão. Na noite anterior, quando estávamos mostrando as fotos de Ajanta e Ellora, alguns policiais entraram ostensivamente e pediram o livro de registro de hóspedes. Quando se foram mister Singh nos disse que os paquistaneses eram sempre mal vistos na cidade. Geralmente as pessoas vindas do Paquistão eram terroristas e a polícia queria estar sempre no encalço deles fossem ou não terroristas, enfim qualquer turista do Paquistão era vigiado.

Voltando ao aeroporto de Mumbai, o guarda nos perguntou para onde iríamos e contamos que estávamos indo para o Nepal e quando ele disse que não era ali que embarcaríamos nos entreolhamos pasmas. O guarda percebeu nossa perplexidade e disse tínhamos que ir para Délhi.

Dissemos que não iríamos para Nova Délhi e sim para o Nepal e então eles começaram a conversar entre eles e um nos disse que todas as viagens para o Nepal partiam de Délhi, nesse caso de Mumbai para Délhi era uma viagem doméstica, logo tínhamos que ir para outro aeroporto, o doméstico, onde pegaríamos um voo para a capital. O detalhe é que em nosso bilhete de viagem não falava nada sobre escala.

Estávamos em cima da hora e como o rapaz que nos vendeu a passagem e não comentou nada sobre escala e como os indianos são muito confusos ficamos na dúvida. O policial garantiu que do aeroporto Internacional de Mumbai não saia voo para o Nepal e que nossas passagens eram nacionais.

Tivemos que correr e achar um táxi para o aeroporto doméstico que ficava muito longe por causa do transito da cidade e perdemos muito tempo nessa confusão. Ficamos desesperadas porque estávamos em cima e pedimos para o homem correr para o aeroporto doméstico, na verdade terminal doméstico. A distância entre terminal internacional e terminal doméstico é de aproximadamente 5 km. Estávamos em cima da hora e quem já foi para a Índia sabe que o trânsito é terrivelmente parado inclusive dentro dos aeroportos. Nós tínhamos que ir do Terminal 2 para o terminal 1 e tínhamos havia pouco tempo e o motorista do táxi disse que havia terminal 1 a, 1 b e 1 c. E assim o nervosismo piorou, o tempo corria e achamos que perderíamos o avião. O motorista disse que achava que era o terminal 1 C porque os voos para Délhi costumavam sair desde terminal e lá fomos nós. Chegamos, descemos correndo até o portão, os guardas disseram que era o local certo. Entramos correndo e por sorte o voo estava um pouco atrasado. O terminal era bem precário, bem doméstico, mas deu até para comermos caríssimo croissant e tomar um cappuccino. Os aeroportos da Índia são tão caros quantos do Brasil, creio que se trata de comportamento de terceiro mundo, de países pobres querendo parecer ricos, enfiando a faca no passageiro. Conseguimos um banco para sentar e me lembro que esta foi a primeira vez que eu vi um casal de namorados se abraçando e se beijando em público na Índia.

O aeroporto estava lotado, e era curioso prestar atenção nas famílias abastadas, outra Índia, outra realidade. Mumbai era mais rica, pessoas mais modernas, mas descoladas. Sentamo-nos no banco e comemos nossos croissants e ficamos olhando os painéis com os voos. Chamou minha atenção o nome de uma cidade que fica no norte da Índia e que é capital do Estado de Uttarakhand: Deradhum, porque é o nome de uma música do George Harrison. Recordei-me da melodia e comecei a cantar: “dera dera dera dom dom dom dom Dom dera...many years ago..”

O voo saiu um pouco atrasado e garantiram para nós que não teríamos problemas de transfer em Délhi. Sobrevoar Mumbai é chocante, por que você vê claramente que não é uma cidade com muitas favelas somente, mas sim uma favela gigantesca com alguns focos de riqueza é muito feia. Também é muito feia quando você está embaixo, em terra firme, pois há uma favela em cada esquina. É uma cidade feia e muito suja.

A aeronave mal levantou voo e trouxeram um lanche: cuttlet de vegetais, dois rolinhos de vegetais recheados, chutney de coentro uma garrafa de água, chai, talheres de metal. Cito os talheres porque meses antes eu tinha viajado pela KLM e Air France e os talheres eram de plástico. Fiquei perplexa de notar que uma KLM e Air France brindam os passageiros com horríveis talheres de plástico. Quando fui do Brasil para a Índia pela Etihad, que estava começando a operar no Brasil e que pouquíssimos anos depois em 2016 já desistiu de operar no Brasil, as poltronas eram maiores, mais espaço para os pés, talheres de metal, potinhos de plástico e não de papel, uma comida maravilhosa e até uma nécessaire básica muito bacana.

O voo de Mumbai para Délhi foi rápido, mas atrasou e quando o avião aterrissou, todas as pessoas que fariam conexão para pegar outro voo desembarcaram primeiro, e nos aconselharam a correr porque estávamos atrasados. Foi uma correria indescritível dentro do aeroporto de Délhi. Nós corríamos, descíamos as escadas rolantes correndo, uma confusão sem tamanho naquele gigantesco aeroporto. Não sabíamos para que lado ir e começamos a seguir um grupo de garotos indianos que também ia para o Nepal e, depois de muito sufoco e apreensão, finalmente entramos no avião que nos esperava.


Nem bem sentamos para relaxar e nos serviram salgadinho, e depois de um tempo de voo já podíamos avistar os himalaias. Foi muito emocionante ver a bela cordilheira sem fim, ultrapassando as nuvens. Havia um judeu ao nosso lado que era muito chato e ficava a todo momento falando que gostava do Brasil que gostava de música brasileira e mostrava um Ipod e queria que ouvíssemos as músicas. Porém estávamos interessadas nos himalaias. E ele nos perguntou: “Como sabem que são os himalaias? Vocês tem certeza?”.

Nossa resposta foi obvia e assim mesmo ele duvidou, mas para nossa sorte os comissários de bordo começaram um movimento de vai e vem com as bandejas de comida e ele se calou. Eu achei impossível que fossem servir algo mais, pois o lanche recém-oferecido fora ótimo, com sorvete de creme no final. Minha irmã disse que seria um almoço e estava certa pois serviram uma refeição completa. Um voo barato de 3 horas com escala serviram um lanche e uma refeição completa com arroz, curry de legumes, dal de grão de bico, um pohan num pequeno pote, coberto com dois pedaços de pão que parecia ser naan, iogurte, chai à vontade e bolo com creme de baunilha. Quando terminamos de comer ainda faltava 31 km distância para Katmandu e o tempo previsto para a aterrissagem era de17 minutos.

Avistamos a cidade e eu fui fotografando a aterrissagem. O aeroporto foi um choque. Era pequeno, confuso não se sabia para onde ir. Avistamos uma máquina para fazer check in, o que me pareceu super moderno, porém não funcionava, assim como não funcionam as máquinas de bebidas do aeroporto de que Délhi que só servem para roubar o seu dinheiro.


Pegamos os formulários de imigração e começamos a preencher. Eu sabia que precisávamos ter fotos e as levamos. O Nepal exige fotos de tamanho de passaporte para confeccionar os vistos de entrada e cobra uma taxa em dólares que varia conforme o tempo de permanência. Fomos para a fila de turistas, pagamos $25 dólares para ficar 15 dias no país e logo percebemos que há muito mais segurança, leia-se guardas e policiais, no Nepal do que na Índia. Você é revistada inúmeras vezes, e sua bagagem também.

Nós pagamos taxa, recebemos um “bem-vindo” e fomos pegar as mochilas. O local das esteiras era totalmente confuso, sem controle algum, apesar de haver muitos guardas, funcionários e operadores. Era bem parecido com o modus-operandi indiano: quatro homens e uma pá, para tirar um monte de areia no chão, sendo que 3 olham e quarto pega a areia com a pá e joga dentro do carro. Assim funciona a Índia, funcionários demais para trabalho de menos. E a primeira impressão do Nepal foi de que era um país igual.

Minha mochila chegou, assim como a mochila da pessoa que estava ao meu lado e a bagagem da Roberta não chegava. O povo foi partindo, nós fomos ficando. A esteira parou e a mochila da Roberta não veio assim como a bagagem de outro turista. Fomos até o guichê reclamar e os homens nos mostraram no porção de mochilas jogadas num canto. Inclusive havia um caiaque danificado. Não havia segurança para aquelas malas e mochilas jogadas num canto e fomos procurar a mochila dela.

Próximo passo foi reclamar e discutir: os Nepaleses adoram uma discussão tanto quanto os indianos, e preenchemos formulários depois de muita conversa e insistência. Eles disseram que a mala deveria ter tomado outro rumo e que apareceria.

Eu lembrei que a companhia aérea tinha que pagar uma taxa por extravio, pois era lei internacional e eles não gostaram. Falaram que no Nepal era diferente e começou uma discussão e eles queriam que minha irmã assinasse um papel isentando-se de receber esse valor foi uma nova discussão e então surgiu a bagagem do outro turista. Não queriam nos dar copia do formulário que fomos obrigadas a preencher e o fotografamos. Depois de insistir e de uns 10 nepaleses virem falar conosco, nos deram uma cópia pelo extravio da bagagem. Insistimos na taxa de extravio e disseram que iriam levar o dinheiro para o nosso hotel. Obviamente não acreditamos mas sem mais nada poder fazer, o dia acabando e preocupadas e cansadas, fomos para fora o pátio do aeroporto e conseguimos um taxi para o hotel.



O Hotel Ganesh Himal era lindo e acolhedor, uma sala de estar maravilhosa com pinturas divinas, parecia um templo budista. Imediatamente recebemos um chá de boas vindas na sala de estar e esperamos prepararem nosso quarto.

Na realidade nos colocaram num quarto da ala mais vip pois esse outro prédio perdia por não ter vista, mas tinha quartos mais modernos, mais amplos e mais bonitos com banheiro totalmente reformados. Nós só não ficamos ali mesmo porque a luz não era boa e a internet não pegava muito bem. A cama era maravilhosa com edredons de penas e fomos tomar um delicioso banho restaurador. Emprestei uma muda de roupa para a Roberta e descemos para tomar a fortíssima cerveja nepalesa pra relaxar depois de toda tensão no aeroporto diante do desaparecimento da mochila da Roberta. Sentadas a mesa, nós resolvemos que não iriamos esperar o dinheiro chegar até nós. Jantamos uma deliciosa sopa de legumes e fomos descansar.

Na manhã seguinte acordamos e fomos para a sala de almoço onde havia agora um farto buffet de café da manhã. Um simpático senhor chamado Mr Karma, nos entregou o cardápio e nos mostrou que valia mais a pena pagar pelo buffet do que pelo serviço a lá carte. Ele nos explicou que poderíamos comer à vontade e quantas vezes quiséssemos.

O desjejum nesse hotel realmente era muito bom. Sempre havia iogurte, geleia, queijo, bolachas salgadas e doces, dois ou três tipos de bolos, pão de forma que torrávamos num aparelho muito interessante que consistia em uma esteira rolante. Colocávamos o pão na esteira e ele subia, dava uma volta e saia torrado do outro lado. Além disso, havia outros tipos de pães, croissant salgado e croissant de chocolate, manteiga, e pratos quentes: ovos mexidos feitos na hora para quem solicitasse; mingau, salsichas com batatas. Também havia dois ou três tipos de sucos, chás, café e banana. Aceitamos a proposta do Mr Karma e ele começou a nos mostrar os pratos quentes e contamos que não comíamos carne e dispensávamos os pratos quentes de mingau, salsicha, ovos e ele ficou decepcionado. Mostrou-nos os vários pães gostosos e que frescos que comprava todos os dias bem cedinho e mostrou os bolos.

Fiz meu prato, preparei torradas e fui para uma mesa, minha irmã chegou pouco depois com um rapaz. Greg era polonês e estava sozinho. Disse que estava esperando um amigo que viria em alguns dias, para juntos irem ao Butão.

Contou-nos que existia um passe que os turistas podem comprar para visitar a Durbar Square sem pagar todos os dias e a taxa é de $7 dólares. Os desavisados acabam pagando o mesmo valor cada vez que entram na praça que é um dos pontos turísticos mais importantes de Katmandu. Os guardas ficam de olho nos turistas, pois os locais não pagam. O problema não é pagar e sim o custo de $7 cada vez que passa por lá, mesmo que não entre em nenhum prédio histórico. Na verdade qualquer turista passa por Durbar Square muitas vezes é difícil evitar o caminho.

Antes de ir para o Nepal eu tinha lido sobre essa taxa, porém em todos os sites que eu procurei coisas sobre o Nepal nenhum tinha essa valiosa dica sobre o “Visitor Pass”, basta ter uma foto, mostrar o passaporte. pagar 7 dólares e você circula pela Durbar Square quantas vezes você quiser. Essa é uma dica muito importante para qualquer turista que vá para Kathmandu. Portanto com essa dica do Greg, a primeira coisa que fizemos depois do café da manhã foi ir até a Durbar Square pegar nosso Visitor Pass e depois de um breve passeio fomos para o aeroporto.

Antes de ir ao aeroporto telefonamos para Jet Airways na recepção do hotel e as moças do hotel comentaram que achavam improvável conseguirmos o dinheiro que deviam pela norma internacional quando uma mala é extraviada. Disseram que recuperar mala era super possível que isso sempre acontecia, mas que elas nunca tinham visto uma companhia aérea nepalesa pagar uma multa para um passageiro. Aí nós brincamos e falamos que ia ser a primeira vez na história então.

Elas riram muito e aí a Roberta ligou, conversou com um rapaz que tentou enrolar, e contou que não tinha ido levar o dinheiro como prometera por problemas com o chefe, mas disse que iria mais tarde.

Então nós fomos fazer o nosso passe de visitante na Durbar Square, demos um passeio para conhecer as redondezas e retornamos ao hotel para telefonar novamente para a Jet Airways, conforme o combinado. Como o rapaz começou a tentar nos enrolar, desligamos e pegamos um táxi para o aeroporto.

Não estávamos interessadas no dinheiro e sim no cumprimento de uma lei internacional. Estávamos num dos países mais corruptos do mundo, que tem um Ministério contra lavagem de dinheiro. Na Índia e no Nepal, tratam as mulheres com muito desprezo, pois eles são muito machistas. Na verdade, quando nós os enfrentamos no aeroporto pedindo indenização pelo extravio da mala eles ficaram indignados especialmente porque eram duas mulheres.

Chegamos ao aeroporto tivermos que descobrir onde era Jet Airways. No balcão da companhia ninguém sabia explicar nada para nós, aí perguntamos onde era o escritório. Ficava no prédio anexo e quando chegamos perguntamos pelo rapaz, Sanish Sankar, que nos estava assistindo no caso. Quando ele saiu da saleta anexa, ficou perplexo ao nos ver. Disse que logo iria levar o dinheiro e contamos que havíamos ido buscar. Ele disse não ser possível e apelamos para falar com o superior dele.

O chefe não nos atendeu, ficava na sala reclamando em hindi (ou nepali) e como se recusou, avisamos que iríamos denunciar a Cia aérea aos órgãos competentes. Ele argumentou que a mochila da Roberta tinha sido localizado em Dehradun. Aí eu me lembrei de ter cantado a música do George Harrison no aeroporto de Mumbai. O rapaz nos contou que a mochila já estava voltando, já tinha chegado em Délhi e que agora viria para Katmandu. E acreditava que em dois dias a receberíamos.

Tentaram nos convencer a não reclamar a taxa internacional de extravio de bagagem e recusamos. Então disseram que “no Nepal” a taxa era de $50. Quanto a isso nada pudemos fazer, porém $50 já seria uma boa lição para eles. E nos não estávamos interessadas no dinheiro e sim no cumprimento da lei, da responsabilidade e acima disso, eles tinham sido muito grosseiros, mal-educados e etc.

Como não arredamos o pé insistimos em receber um documento oficial do chefe da Jet Airways, daquele escritório, pois ele disse que iria pagar, mas que tínhamos que esperar levarem o dinheiro no hotel. Mencionei que havia um prazo internacional para a entrega do valor e ele argumentou que se a mala chegasse no dia seguinte minha irmã não precisaria mais do dinheiro. Porém dissemos que o dinheiro tinha que ser entregue na hora para compensar o passageiro dos transtornos, para poder comprar uma muda de roupa, produtos básicos de higiene no mesmo dia e ele estimara dois dias para a entrega.

Não cedemos e no final da discussão ele percebeu que nós não iríamos sair de lá sem o dinheiro ou sem o documento. Então mandou o Sanish, funcionário que nos assistia, escrever em uma folha não timbrada, a mão, de próprio punho, que iria providenciar a soma de $50 dólares para nos pagar e que não estava pagando aquele momento porque não tinha nada em caixa. Ainda se comprometeu a levar em nosso hotel.

Papel não timbrado, sem carimbo e assinado por um simples funcionário, era inútil, e de tanto que insistimos ele carimbou papel.


Felizes voltamos para o hotel. Laxmi, que era irmã de Mr Karma e que ficava na recepção, não acreditou que estivéssemos de posse de um documento daquela natureza. Eu só sei que no final todo o pessoal do hotel achou que tínhamos conseguido uma proeza, mas ainda duvidavam que viéssemos a obter o dinheiro.

No dia seguinte, Sanish Sankar apareceu no Hotel com $50 dólares já transformados em moeda nepalesa. Como esperado eles fizeram o câmbio normal não turístico. Mesmo assim, o valor deu cerca de 48 dólares americanos e todo o pessoal do hotel considerou que tínhamos conseguido uma façanha.

Eu não lembro se no mesmo dia mais tarde ou se no dia seguinte nos ligaram para pegarmos a mochila. Tomamos um táxi e rumamos para o aeroporto. Pedimos para menino esperar porque ficava mais barato contratar ida e volta do que tomar um táxi para ir e lá no aeroporto tomar outro para voltar.

Eu não me lembro bem os detalhes de pegar a mochila porque quem foi pegar foi a Roberta. Ela foi primeiro para o lado do aeroporto, ala de bagagem; depois ela foi para o prédio anexo da Jet Airways, retornou com o Sanish e o processo demorou bastante tempo. O motorista do táxi queria ir embora, pediu para eu pagar a corrida depois tomar outro carro. Eu pedi para esperar mais alguns minutos e logo a Roberta veio e retornamos ao hcentro com a mochila e demos uma gorjeta ao taxista. Chegamos no hotel e fomos comemorar comendo o famoso da Dal Bhat, prato típico nepalês.


Uma coisa que me impressionou no Nepal foi uma certa falta de identidade, apesar de ser um país com um povo fisicamente diferente indianos, eles são mais parecidos com os tibetanos, tem olhos puxados, porém a cultura indiana é muito presente. A maioria é budista, porém algumas coisas na religião dos nepaleses são estranhas, como por exemplo, um dia no ano que tem uma matança de animais. Matam centenas e centenas de animais e tudo em prol de um sacrifício religioso para um deus. Por outro lado, cultuam os Deuses hindus e um dos mais queridos pelos nepaleses é Hanuman, o Deus macaco. Eles também cultuam a Kumari, a deusa viva. Uma menina que não pode ter menstruado e nem sangrado de qualquer outra forma, nem por acidente. Quando a menina tem a primeira menstruação ela deixa de ser deusa.

Eu senti essa falta de identidade também na roupa típica que parece muito a roupa tibetana e lembra também a roupa japonesa. Tem aquele chapeuzinho típico dos homens, mas a roupa deles lembra a vestimenta dos homens indianos. Contudo o que mais me impressionou foi essa falta de identidade na comida, porque eu gosto de experimentar pratos típicos toda vez que eu viajo. Eu adoro pegar o cardápio e ficar lendo o cardápio e escolher um prato diferente, saber a origem, os temperos. E tudo que eu via nos menus eu pegava nas mãos eram pratos indianos, pratos tibetanos e pratos chineses. Eu perguntei qual era o prato famoso do Nepal, várias pessoas me disseram que eram Dal Bhat. Nas portas de vários restaurantes tinha placas oferecendo como prato do dia o Dal Bhat.

Então, voltando da nossa epopeia do aeroporto, resolvemos experimentar a comida Nepalesa. Quando chegou à mesa parecia um Thali. A diferença é que o Thali vem numa bandeja com sete potinhos, pão que pode ser naan ou chapati. Já Dal Bhat era diferente: havia dois tipos de pães brancos comprados no mercado. Uma salada folhas verdes, com salsão e algum legumes como cenoura e algo mais como um molho ou chutney. Disseram que podíamos comer a salada sem medo, pois era lavada com água mineral e de maneira higiênica. Ainda havia um pote de arroz, um pote de curry de vegetais, um creme com caju e um dal de lentilhas, o dal bhat. Trouxeram pimenta e sal, e achamos que esse não era um Dal Bhat típico, mas sim turístico, com tempero para turista.

Tempos depois vim, a saber, que o Dal Bhat nem é um prato típico Nepalês, pois é muito consumido na Índia, em Bengala e no Gurujat, assim como em Bangladesh. Eu queria comer uma coisa totalmente Nepalesa e parece que não consegui. Eu comi queijo de Iaque frito, mas o Iaque é um animal típico do Tibete; um símbolo do Tibete. Foi decepcionante não comer algo tipicamente nepalês e talvez a coisa mais típica que tenha consumido possa ter sido o pão de forma com fatias super grossas e de textura muito ruim. Costumam jogar queijo ralado sobre as fatias desse pão, esquentar e servir no café da manhã como Cheese Toast e é muito ruim porque a torrada com queijo é muito grossa e seca, o que torna difícil tomar café da manhã em certos lugares no Nepal por causa desse pão que é muito ruim.

Em Pokhara tentamos tomar café em diferentes lugares e só encontramos esse pão até conhecermos um lugar bem legal chamado am pm e quando viajamos de volta para Katmandu nós compramos o queijo de Iaque em uma lojinha e um pão industrializado tipo bisnaguinha. E por causa dessa falta de identidade culinária nepalesa, na parte de comidas de pratos receitas aqui nesse site; neste blog, não vai ter praticamente nada.

Esqueci de mencionar acima que no segundo dia no Hotel Ganesh Himal, Mr Karma nos chamou quando entramos na sala do buffet na hora do café da manha. Ele veio até nós sorridente e nos levou até os pratos quentes. Orgulhoso disse “Mandei fazer para vocês: curry tibetano e o pão tibetano Tigmo”. Ele disse que notou que gostávamos de comida Tibetana porque tínhamos pedido no jantar uma sopa tibetana e havia uma bandeira do Tibet em minha mochila.

Ele era uma pessoa maravilhosa, estava sempre atento, sempre solicito e ajudava muito todos os turistas. Contratava táxis que eram mais baratos do que se pegássemos na rua e era carinhoso. Descobrimos que ele era o dono do hotel. Ele e seu irmão, Mr Dorge, administravam o negocio da família que tinha sido dos pais deles. A maioria das moças da recepção eram da família, irmãs, esposas, primas.

Comemos o curry, o pão e como sempre eu ainda pegava croissant e queijo para fazer um sanduíche com manteiga e guardava para comer quando eu estivesse trabalhando. Muitos dias em Katmandu tive que trabalhar no computador.

No primeiro quarto que nós ficamos a internet não era muito boa, então nos transferiram para outro quarto não tão bom quanto o primeiro, mais simples, menor, porém tinha vista para o maravilhoso jardim onde tomávamos o desjejum.

No segundo dia, antes de recebermos a mochila, visitamos alguns lugares com o Greg. Fomos para Boudhanath e passamos boa parte do dia lá. A tarde demos uma volta pelo outro lado da cidade e fotografamos a placa mais bizarra de nossas vidas: departamento de Investigação de Lavagem de dinheiro.

No dia seguinte visitamos Bhaktapur com Greg. A tarde eu e a Roberta caminhamos até o Templo dos Macacos, Swayanbhu. A caminhada é longa, mas vale o passeio.

Na manhã seguinte, encontramos o Greg no café da manha e fomos ao Mosteiro Kopan, pela manhã, almoçamos no Mero, e não gostamos, e a tarde fomos a Patan com o Greg. O amigo dele, Bart, tinha chegado ao Nepal, mas preferiu ir descansar no hotel. A noite o Greg o encontrou e foram ao Swayanbhu.

Compramos passagens de ônibus para Pokhara e fomos dar mais uma volta pela cidade, pegamos roupas na lavanderia, compramos algumas roupas e fomos jantar com Greg e Bart no Mitho, que era nosso restaurante preferido. tentávamos outros mas sempre eram ruins. O Mero foi um dos piores. Na manhã seguinte, fizemos algum cambio, arrumamos as malas para deixar no depósito do hotel, escolhemos poucas coisas para levar a Pokhara e demos mais um passeio na Durbar Square. Almoçamos com os poloneses, Greg e e Bart, mas eles foram depois para outro lado e nós só nos encontramos a noite para um jantar de despedida. Na manha seguinte, ele foram para o Butão e nós para Pokhara.

Serviço:


Thamel

É uma área turistica, muito movimentada, com lojas, bares, casas de chá e hotéis. Onde se encontra a diversão os turistas, restaurantes de noite agitada. Fica a 20 minutos de caminhada da Durbar Square, o ponto central da cidade com suas dezenas de prédios históricos.


Hotel Ganesh Himal

thulo, Syafru 45000, Nepal

+9779741186677

49R6+V4 Syafru, Nepal


Durbar Square


Mero


Mitho Restaurant

JP Road 243, Chhetrapati/Thamel, Kathmandu 44600, Nepal

+9779841219339

P865+HG Kathmandu, Nepal



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