Udaipur: "Cidade dos Lagos" ou "Veneza do Oriente".
- Admin
- 5 de mar. de 2012
- 21 min de leitura
Atualizado: 14 de abr. de 2021

Eu descobri a existência de Udaipur quando li um livro do George Harrison, em 2011. Já ouvira muito sobre o Rajastão e todos eram unanimes em dizer que as cidades imperdíveis eram Jaipur, Jodhpur, Jailsamer e Ajmer . Mas eu encontrei Udaipur naquele livro, George Harrison: Living in the Material World, e ele comentava que era uma cidade linda, branca, quase toda feita de mármore.
Fui pesquisar e parecia ser realmente um lugar bacana com lagos artificiais e o Mooson Palace. Em 2011, depois que li o livro do George Harrison e quando já planejávamos a próxima viagem para a Índia, falei com minha irmã e concordamos em ir.
Pesquisamos para ver como se chegava lá, que tinha para ver e logo encontramos alguns relatos dizendo que era a cidade mais rica da Índia, isso está no Google Wikipédia. Não sei se isso é verdade, mas posso dizer que é a mais LIMPA da Índia entre todas que visitei. Depois de se "acostumar" com a sujeira de Delhi, o mal cheiro de Varanasi, e as moscas de Rishkesh, Udaipur é realmente um Oásis.
Os lagos exuberantes, criados pelo homem, ficam encerrados pela cortina de colinas de Aravail. Os Lagos Pichola, Udai Sagar, Fateh Sagar, Rajsamand e Jaisamand são os cinco mais famosos de Udaipur. Além deles ainda existem o Doodh Talai, o Badi Ka Talab e o Kumharia Talab que são outros pequenos lagos que formam a parte dos cursos de água da cidade
O Pichola Lake é sem duvida o mais famoso, o mais visitado e o mais belo e pitoresco, mas não é o maior. Fica no coração da cidade e é um dos mais antigos. Foi construído em 1362, por Pichhu Banjara durante o período de Maharana Lakha.
Abriga o famoso Taj Palace, que ocupa o local antes chamado de, Jag Niwas, ou Palácio do Lago. Foi construído no século 18 como palácio de verão pelo Maharana Jagat Singh. Assentado num rochedo, a edificação impressiona pela imponência e beleza. É um hotel de luxo com mais de 50 quartos e vários restaurantes que podem ser frequentados por “não hospedes”.
Dentro do lago ainda há o Jagmandir e pequenas ilhotas que podem ser alcançadas de barco. Há vários pontos de saída de passeios de barco e este é uma das atividades turísticas da cidade.
O Jagmandir Island Palace é outro hotel que fica dentro do lago, a esquerda. Datado do século 17, atualmente pertence a cadeia de hotéis HRH, que abriga hospedes VIP, celebridades de todo o mundo e realiza mega-eventos.
O Fateh Sagar Lake é o lago seguinte, e está muito perto do Pichola. É o segundo lago artificial de Udaipur. O Fateh Sagar está ao norte do Pichola e foi construído em 1678 por Maharana Jai Singh.

O Jaisamand Lake é o maior de Udaipur e o segundo maior lago artificial da Ásia. Localizado a uma distância de 48 kms da cidade de Udaipur, Jaisamand Lake também é conhecido como Dhebar. Foi construído em 1685, por Maharana Jai Singh, ao fazer uma represa no rio Gomti.
O Rajsamand Lake está localizado a 66 kms ao norte de Udaipur, e fica entre Rajnagar e Kankroli. Também conhecido pelo nome de Rajsamudra, foi construído por Maharana Raj Singh em 1660.
Udai Sagar Lake é outro lago impressionante que entra na categoria dos 5 lagos mais importantes de Udaipur e está a cerca de 13 kms ao leste de Udaipur. Sua construção foi iniciada em 1559 por Maharana Udai Singh e concluída em 1565.
Dudh ou Doodh Talai é um pequeno lago a sudeste do Lago Pichola. Localizado no lado sul do Palácio Shiv Niwas. O Dudh Talai contribui para as águas do Lago Pichola.
Swaroop Sagar ou Kumharia Talab, é um pequeno lago artificial que foi construido por Maharana Swaroop Singh. Localizado atrás do famoso Templo Jagdish, está perto de Chand Pol adjacente Rangsagar. O lago foi construído para fornecer água para o povo de Udaipur.
Kumharia Talab é um pequeno lago conectado com Lago Pichola e com o Lago Fateh Sagar.
Jiyan Sagar ou Badi Ka Talab é outro lago impressionante, localizado na aldeia de Badi. Construído por Maharana Raj Singh, também foi construído para lidar com o problema da seca e da fome na área. E se estende em uma área de 155 km quadrados.
Não tivemos cacife para ficar no Taj Palace que, em 2017, custa mais ou menos 40 mil rupias por noite. Pensando bem, comparando com Europa nem é tão caro assim, pois por cerca de 600 euros ficar num local das mil e uma noites nem é tão caro assim. Mas quando se compara com um hotel maravilhoso que reservamos, de frente para o lago, num quarto muito bonito, com um banheiro ótimo e um rooftop de frente para o Taj Palace, onde saboreávamos um delicioso e completo desjejum, ai sim a comparação fica difícil, pois pagamos cerca de 30 euros (2017). Esse lugar maravilhoso, que ano após ano ganha o selo dos Melhores do TripAdvisor, é o

Hotel Aashiya Haveli - होटल आशिया हवेली
(o texto abaixo foi escrito e publicado em fevereiro de 2012)
Aashiya Haveli é um edifício histórico, situado na margem oriental do lago famoso Pichola, e tem sido residência da família Aashiya há mais de 224 anos. Era a casa "da cidade" da família que, em 2006, começou o trabalho de renovação e depois de dois anos e meio o Hotel Aashiya Haveli foi aberto com todas as comodidades modernas para hóspedes, incluindo comida vegetariana muito boa. O Aashiya Haveli é agora um dos tradicionais hotéis em Udaipur, e é administrado pela família original, muito simpática e hospitaleira.
Foi nosso primeiro Hotel no Rajastão, em plena época do Holi. No primeiro dia, como combinado, ficamos em um quarto, sem vista para o lago. Assim mesmo quarto era maravilhoso. Grande limpo, bonito, o banheiro era muito legal. Nunca tínhamos visto um banheiro tão bom na Índia.
Fomos super bem recebidas pela família que administra o hotel familiar. O Sr Satish Aashyia, foi muito simpático o tempo todo. Nos ajudou nos passeios, nos deu um mapa da cidade e estava sempre presente.
O café da manhã era delicioso, servido no rooftop com vista para o Lake Palace, o maravilhoso hotel onde o George Harrison se hospedava quando ia para lá. No desjejum tínhamos: chai, iogurte com granola ou corn flakes, banana, geleia, manteiga e torradas quentinhas, além de um suco de laranja.
No dia seguinte fomos transferidas para o quarto com vista para o Pichola Lake e para o Taj Palace, o banheiro era bem menor, e o quarto também, mas tudo muito aconchegante.
Na cidade as maiores atrações são o City Palace, onde o Marajá ainda vive com sua família, os passeios pelos lago Pichola e pelo lago Sagar, visita ao Mooson Palace, onde a família real se abrigava na época das monções e alguns templos.

No primeiro dia em Udaipur, colocamos as bagagens no quarto e fomos comer no rooftop depois de nos registrarmos no hotel. Depois fomos conhecer o centro da cidade que é bem restrito. Do nosso hotel até o Palácio era um pulo. A cidade estava toda enfeitada e as pessoas corriam de lá para cá com fardos de um tipo de lenha fina e comprida e também rodelas de estrume de vaca e palha. Num primeiro momento não sabíamos o que estava acontecendo, mas ao chegar a praça principal, ou melhor, na frente do Jagdish Temple, vimos toda a preparação para uma festa grandiosa.
Tentamos comprar ingresso para visitar o City Palace mas havia alguns problemas: queriam nos vender o preço fechado, mas não poderíamos visitar tudo, porque o Maharajai estava em casa aprontando os preparativos finais para um jantar com convidados. Desta forma, não seria possível visitar quase nada. A família real estava lá para comemorar o Holi. Uma fogueira enorme estava sendo montada no pátio e muitas cadeiras e adereços estavam sendo colocados ao redor da pira. Algumas pessoas estava fazendo tapetes de flores e percebemos que também tinham colocado tapetes e poltronas no pátio que pudemos ver do portão.

Quando nos disseram que não podíamos ver quase nada, voltamos ao guichê e pedimos nosso dinheiro de volta. O rapaz tentou nos vender um jantar com a família real e estávamos tão irritadas por ele ter nos enganado previamente, que recusamos. Na verdade, achamos que poderia ser golpe, mas logo nos disseram que o Maharaja de Udaipur e sua família sempre recebiam convidados pagantes nas festas importantes da cidade.
O preço era salgado, mas teria valido a pena, pois eles realizam uma grande cerimonia. Mr Aashiya nos disse que há encenação de peças e danças, antes do jantar e depois há queima da fogueira, que representa a queima de Holika. Quando soubemos disso tudo já era tarde demais. Perdemos.
A lenda conta que Hiranyakashyap era o rei demônio mais forte de seu tempo e venceu todos os Deuses com quem ele lutou. Sempre vitorioso, quis ser um Deus que todos obedecessem e adorassem, deixando assim de amar o verdadeiro deus Todo-Poderoso.
Ele, tinha uma irmã chamada Holika e um filho chamado Prahlad, que era um grande devoto do Senhor Narayana. Prahlad desobedeceu à ordem de seu pai de adorá-lo como Deus e continuou adorando Narayana. Assim, Hiranyakashyap, indignado combinou com sua irmã, que tinha recebido uma benção de que "fogo algum faria dano a seu corpo", de acabar com a vida de Prahlad, que era um péssimo exemplo para os outros devotos. Holika o mataria entrando com ele numa pira incandescente. Contudo o senhor Narayana ouviu as preces de Prahlad e não permitiu que ele fosse morto e fez com que o fogo queimasse Holika. Desde aquele dia as pessoas acendem o fogo nos templos e celebram Holi como a morte do mal, do demônio.

Não compramos os convites do jantar com a família real e voltamos para perto do nosso hotel. Visitamos o Jagdish Temple e depois fomos até o pier do Lal Ghat onde pegamos um barco e fazimos um passeio pelo Pichola.
O Jagmandir Island Palace estava preparando uma festa de arromba, tendas montadas, enfeites, muitas lâmpadas seriam acesas ao cair da noite. Não havia como ver a movimentação no Taj Palace porém deu para ver os barcos que levam e trazem os turista da terra para o hotel.
Eu não me lembro bem, mas depois do passeio, demos uma outra volta na cidade e acabamos numa loja de bijouterias de prata e outros adereços. Vale dizer que Udaipur tem muita bijuteria de prata boa e barata. Há uma rua próxima do centro com muitas lojas de prata e ouro. E um pouco mais distante do centro onde não há turistas, existe uma rua de joalherias que descobrimos somente em 2014.

Os comércios, casas, restaurantes e lojas da região estavam enfeitadas com luzinhas iguais as que costumamos colocar nas árvores de natal. Muitos enfeites coloridos, flores e ambulantes vendendo tintas em pó, pistolas e bisnagas d'agua.
No centro da praça uma fogueira enorme estava sendo montada na frente de um palco onde, mais tarde, começaram os shows.
Vimos cantorias, danças folclóricas, Hijras dançando coreografias e fazendo acrobacias impensáveis. No fim da tarde as pessoas começaram a chegar e a se aglomerar na escadaria do templo, nós ficamos um pouco por ali, fizemos fotos e vídeos, e mais tarde subimos para o Café Mayur no rooftop do Hotel Baba Palace e lá nos sentamos para jantar e assistir a festa. Comemos uma das comidas mais apimentadas de todos os tempos, mas era muito boa, um dal com arroz e roti.
Somente no dia seguinte as cores estavam no ar. Quando acordamos, tomamos nosso café, ou melhor, nosso chai, no rooftop e ao descermos para o saguão do hotel, Mr Aashiya e outros hospedes estavam pintando uns aos outros com pós coloridos e fomos convidadas a participar.
Nosso hotel ficava numa ruela que dava para o Lal Ghat e não tinha muito movimento de carros, mas podíamos ouvir ao longe as buzinas e gritaria na rua. Era o Holi. Era festa, todos estavam felizes, comemorando, gritando, pintando uns aos outros.
Fomos para o centro da cidade e encontramos centenas de pessoas coloridas, gritando, atirando água umas nas outras. Todo mundo estava brincando. As pessoas estavam felizes e passavam tinta os braços e rosto das outras. No templo algumas pessoas tocavam e dançavam, em um ritual místico, estavam felizes e em transe. Ficamos lá apreciando, fotografando e filmando.
Depois fomos para as escadarias e ficamos lá observando tudo. Alguns indianos mal intencionados abraçam as turistas, o que não é o normal. Ficamos sabendo pela dona da loja onde compramos anéis de prata mais tarde. Ela disse que os rapazes se aproveitam das turistas abraçando-as o que para a cultura indiana é muito íntimo, já que os indianos não tem costume de se tocar, muito menos de abraçar. No Rajastão o Bang Lassi também é permitido na época do Holi, mas não encontramos nenhum lugar que vendesse.
Voltamos ao hotel e tomamos banho. Tínhamos marcado de visitar Nagda e Eklingji e o Mooson Palace a tarde. Contratamos o serviço de uma loja que era também telefônica, banca de jornal e loja de suprimentos, além de Agência de Viagens. Tínhamos ido telefonar lá, e o Mr Aashiya disse que eram confiáveis.

Saímos em direção a Nagda e Eklingji, que ficam há 23 km de Udaipur. Nagda está localizado na margem do Lago Baghela. Ricamente esculpido tem a representação do épico indiano "Ramayana" em uma parte do complexo.
Há esculturas de Shiva, Brahma, Vishnu e também de Rama, Prashurama, Balarama. Este templo é conhecido também como Sas-Bahu, dedicado a Sas (sogra) e Bahu (nora) e está classificado entre os mais interessantes templos da Índia.
Eklingji, todo esculpido em arenito e mármore é, na realidade, um complexo de 108 templos cercado por paredes altas. Foi construído em 734 dC por Bappa Rawal e, nos anos posteriores, foi separado e modificado por vários reis. O templo tem dois andares e o telhado é bem alto e em estilo de vimana. Na grande sala há uma imagem de prata de Nandi, veiculo de Lord Shiva ou a Vaca Sagrada, e em outras partes do temploexustem outras imagens de Nandi esculpidas em pedra preta e bronze, respectivamente. Este templo está sempre perfumado e há um ídolo Eklingii de quatro faces feito de mármore preto com cerca de 15 metros de altura. Suas quatro faces representam quatro formas do criador. A face virada para o leste é reconhecido como Surya, a face oeste representa Senhor Brahma, a face voltada para o norte é o Senhor Vishnu e ao sul é Rudra ou seja, Senhor Shiva.
O Shivalingam (forma fálica de Shiva) está ornado com uma cobra de prata e tem ao seu redor a deusa Parvati, esposa de Shiva, Ganesha e Kartikay, seus filhos. Dentro do complexo do templo, você encontrará estátuas da deusa Saraswati e da Deusa Yamuna. O templo principal possui pesadas portas de prata que retratam Lord Ganesha e o Senhor Kartikay guardando seu pai. Ao norte do templo Eklingji há dois tanques nomeados de Karz Kund e Tulsi Kund e a água desses tanques é consumida durante os serviços ao Lord Shiva. Não temos fotos do local porque era proibido entrar com câmeras. Nesse templo há rituais o tempo todo e os indianos não gostam muito da presença de turistas. Lá compramos alguns japamalas de um velhinho. E ao voltar para a cidade fomos almoçar. Mais tarde encontramos com o Yussef o motorista que nos levou a Nagda e Eklingi, para irmos ao Mooson Palace .

O melhor jeito de chegar ao Mooson Palace, que fica no alto da colina de Aravalli. é de carro, pois um tuktuk (autoriquexa) quase não consegue subir devido ao aclive da estrada. Você paga um pouco mais caro pelo taxi que pode ser contratado em qualquer agencia de viagem, mas vai com conforto e rapidez. Nós contratamos pertinho do hotel, em uma pequena agencia como relatei.
O passeio vale pela vista maravilhosa e pelo por do Sol. O nosso motorista Youssef também era guia e conhecia toda a história de sua cidade. Ele tinha um jeito muito legal de contar as curiosidades e acabamos indo com ele para outros lugares. O Yussef Khan falava um inglês perfeito, dirigia com cuidado e era muito simpático.

Lá de cima pudemos ver toda a cidade e região, mas é uma pena que um lugar tão bonito como este palácio, esteja caindo aos pedaços e completamente abandonado. O pior de tudo é que cobram a entrada e eu nem reclamaria se usassem o dinheiro para preservar o local.
É uma pena ver como alguns lugares na Índia estão literalmente se despedaçando. No caso do Mooson Palace talvez isso ocorra porque não está mais sob o poder do Maharana e sim sob o controle do Departamento de Florestas do Governo do Rajastão. Há filas para entrar e a maioria dos turistas são indianos que pagam muito menos como tem de ser.
Youssef nos contou que o Maharana construiu esse palaciao de monções, para fugir das mesmas e também para ter uma visão de sua casa ancestral, Chittorgarh. A vista lá de cima é maravilhosa e vale a pena. O local é famoso pelo por do sol, por isso sempre está lotado ao entardecer. Mas não demos sorte, estava um pouco nublado. Visitamos todo o palácio, sala por sala e o Yussef nos contava histórias e curiosidades.
Ao voltar demos um passeio pela cidade, fizemos as últimas compras, fomos jantar e depois fomos preparar as malas e pagar o hotel.
Tínhamos resolvido ir para Jodhpur de carro, com o Yussef. Fizemos um pacote bem interessante. Ele nos levaria ao Kumbalgarth Fort, a Ranakpur e no começo da noite estaríamos em Jodhpur. Valia a pena fazer isso porque além de o preço ficar mais em conta e termos o conforto de viajar de carro com um bom motorista, ainda visitaríamos dois lugares que é indispensável conhecer.
Saímos bem cedo, nos despedimos da maravilhosa família Aashiya e prometemos voltar um dia. Udaipur é um local bacana para ficar muito tempo. O ideal é pegar um bom hotel, tipo resort, e ficar de férias mesmo, sem fazer nada, a beira da piscina e, vez ou outra, dar um role pela cidade. O Aashyia é um otimo hotal, só faltaria a piscina.

Kumbalgarth Fort
Depois de sair de Udaipur, nossa primeira parada foi o forte de Kumbhalgarh que fica a 82 km de Udaipur. É uma das fortalezas mais importantes do Mewar (depois de Chittaurgarh), Distrito Rajsamand, no Rajasthan. Construído durante o século 15 por Rana Kumbha, e ampliado ao longo do século 19, Kumbhalgarh é também um local de nascimento de Maharana Pratap, o grande rei e guerreiro de Mewar.
Também é admirado por ter a segunda maior Muralha da Terra, depois da Muralha da China. Construído em um morro a 1100 metros acima do nível do mar, o forte de Kumbhalgarh tem paredes perimetrais, que se estendem 36 quilômetros, as paredes frontais são 4 metros e meios de largura e o forte tem ainda sete portas fortificadas. Existem mais de 360 templos no interior do forte, sendo que 300 deles são Jainistas. Do alto do palácio, é possível avistar a cadeia de montanhas Gama Aravalli e as dunas de areia do deserto de Thar. A vista é realmente deslumbrante.

Chegamos lá no dia de uma maratona de militares, eles iriam correr por toda a extensão da muralha e, assim como todos os pontos turísticos da Índia, o forte estava lotado. O lugar é incrível, está mal preservado, mas em melhores condições que o Mooson Palace.
Logo na entrada há portões gigantescos com pontas de ferro para parar os elefantes que eram usados na guerra para derrubar estes mesmos portões enormes.
Na primeira porta uma solene homenagem ao Deus Macaco, filho do Vento, Hanuman. E a seguir vem o deslumbramento arquitetônico.
Salas e salas ornadas com pinturas belíssimas, mármores esculpidos, janelas detalhadas. Ficamos a pensar quantos anos e quantas pessoas foram necessárias para construir tudo aquilo, com tanta riqueza de detalhes e precisão artística. É uma visita obrigatória para quem for ao Rajastão.
Há uma sala muito curiosa cuja acústica é perfeita, ela é toda pintada de verde e é escura por natureza, tem poucas janelas e foi construída para que as mulheres entoassem os mantras enquanto os homens estavam fora, caçando ou na guerra. O guia Yussef entoou um OM Nama Shivaya e parecia ter amplificadores e autofalantes. Incredible!

Neelkanth Mahadev Temple
Depois da visita ao Kumbalgarth fomos ao Neelkanth Mahadev Temple, que ficava dentro do forte.
O dia estava quente e o sol a pino. Sofremos muito neste passeio, mas dentro do forte há uma infra estrutura razoável, banheiros e venda de água e refrigerantes.
Depois de visitarmos todo o Forte, seguimos viagem e, obviamente o Youssef nos levou para comer no local recomendado pela companhia de turismo onde o conhecemos. O restaurante chamava-se Harmony, a comida mais cara da viagem, 680 rupias. Era um local agradável, bom serviço e boa comida. Uma espécie de self service, ao ar livre, com muitos turistas. O cliente podia se servir a vontade e o cardápio era bem variado: arroz, dal, curry de legumes, chapatis quentinhos feitos na hora, macarrão rajastani, que eu nunca havia comido e recomendo. Além de alguns ensopados e a sobremesa. Convidamos o Youssef para sentar conosco, afinal já tinha se tornado amigo, ele era muito educado, inteligente e uma boa pessoa. Ele ficou constrangido, disse que não podia. Minha irmã disse que o estava convidando, e ele insistiu que não era permitido. Como insistimos muito, ele disse que tinha que avisar a alguém e achamos estranho, mas insistimos. Algum tempo depois um senhor veio a nossa mesa e tivemos que confirmar que o queríamos comendo conosco. Houve uma troca de olhares entre eles e ficou tudo permitido, porém não pudemos comer os mesmos pratos. A comida dele era diferente, talvez uma cortesia por ele nos levar lá, minha irmã disse que pagaria a comida dele, mas ele recusou.

Ele aceitou sentar-se conosco, mas disse que comeria a refeição fornecida a ele e a foi buscar. Nos ajudou a fazer os nossos pratos, apresentando-nos, por exemplo, o delicioso macarrão rajastani.
O fato de Yussef sentar-se conosco causou um frisson no local, porque vários motoristas de outras excursões foram dar uma "espiadinha", e alguns turistas também olharam com estranheza. Nós logo percebemos que os motoristas de excursões não podiam se sentar com os turistas, e uma parte disso eu entendo, porque deve haver muitos golpes, mas no caso de nós convidarmos, sentimos isso como uma espécie de racismo de classe, pois ele era inferior ao indiano que é dono da agencia ou do restaurante.

Me recordo que havia uma mesa com alguns espanhóis e uma mulher em especial chamou nossa atenção porque além de fumar muito e baforar na nossa direção, falava de nós. Como o cigarro dela era insuportável, reclamamos e mudamos de mesa. Mas no final, ela nos proporcionou um momento hilário, pois não aprovou nada do buffet e muito menos do cardápio. Reclamava de tudo, embora o garçom mostrasse que a comida era simples: arroz, lentilhas, currry, pão. Ela tinha realmente uma cara de chata e pediu ao garçom um ovo frito dentro de um chapati. O rapaz não conseguia entender a lógica daquele pedido, e o grupo de 6 espanhóis tentava explicar a ele. Achamos hilário e eu comentei com a minha irmã que aquilo não ia acabar bem. Enfim, trouxeram o chapati e o ovo e ela reclamou, pois o ovo deveria estar dentro do chapati e muito contrariada ela enfiou o ovo dentro do chapati e quando mordeu aquilo explodiu e espirrou ovo em toda mesa, roupa e amigos.
Conclusão: se você vai para a Índia tem que comer comida indiana ou alguma coisa normal. Ovo frito dentro de um chapati qualquer um sabe que não vai dar certo. Ela podia ter escolhido ovos mexidos ou até uma parantha, mas a mulher era muito chata, tinha cara de chata e até os companheiros dela riram. Ela ficou furiosa, levantou da mesa, quis culpar o garçom. Todos que estavam nas outras mesas, e os rapazes do balcão, riram disfarçadamente.
Nós comemos muito bem, aceitamos a sobremesa porque o Yussef disse que era típica e gostosa. Depois descansamos um pouco ao sol antes de pegar a estrada. Foi bacana porque era como se tivéssemos ido fazer um passeio no campo, no interior. Haviam vacas e cães pelo restaurante e tiramos fotos de um ninho de pássaros bem diferente. Esse ninho nos lembrou da aranha pollito do Norte da Argentina, mas essa é outra história.

Depois de descansar e relaxar pegamos o carro e fomos para Ranakpur, uma vila situada em Tehsil de Desuri no distrito de Pali do Rajastão. Fica há 162 km de Jodhpur e 91 km de Udaipur. A estação ferroviária mais próxima para chegar Ranakpur é Falna Railway station.

A maior atração é o templo Jainista dedicado a Adinath o primeiro Tirthankara Rishabhanatha.
A construção foi iniciada no século 15, por um empresário que teve uma visão divina.
A arquitetura mármore de cor bem clara, quase branco, é muito linda e o templo possui cúpulas altíssimas e mais de 1400 pilares de mármore requintadamente esculpidos sendo que nenhum repete o padrão do outro.
Yussef nos contou que não há dois pilares iguais. O número de 1400 é aproximado. Os indianos dizem que é impossível contar os pilares, na metade você já está totalmente confuso.
Todas as centenas de estatuas que existem ali são de mármore e há uma escultura feita numa única pedra onde podemos apreciar 108 cabeças de cobras.
Há ainda um outro pequeno templo no complexo, chamado de Templo do Sol construído no século 13 e reconstruído no século 15.
Num dos portais existem reproduções do Kama Sutra e vale comentar que esse templo também é famoso por essas imagens. É um passeio imperdível pois além de nos introduzir o Jainismo, muito forte na Índia, a beleza do local, a perspectiva das colunas, a grandeza da obra, encantam.

Depois desse maravilhoso passeio rumamos para Jodhpur. Pela estrada vimos marmoarias e descobrimos que todos esse arcos usados em templos assim como esculturas (como as da foto ao lado), portais e pilares ainda são feitos de forma artesanal. Se você quiser construir uma casa tipicamente indiana, com todos os detalhes da arquitetura e os diferentes formatos de janelas e cúpulas basta encomendar numa dessas fabricas rusticas que ficam a beira da estrada. Também descobrimos que fabricam estátuas dos deuses em tamanhos avantajados em pedras, resinas e mármore.
RUMO A JODHPUR
Ao pegar a estrada mais uma aventura que merece ser relatada. As estradas na Índia são um paragrafo a parte. Duas pistas, uma para ir e outra para voltar, por onde trafegam caminhões tresloucados que esquecem a mão na buzina. Carros de pessoas ricas que correm demais pois acham que tem mais direitos, taxis antigos como o nosso que andava a 50 por hora, tratores apinhados de gente, vacas, carros de boi, Tuk tuks atolados de passageiros, bicicletas, motos, ônibus velhos e mal conservados e até, em algumas ocasiões, elefantes. A tensão é enorme. Nas ultrapassagens você tem certeza de que "não vai dar", mas no fim tudo dá certo porque na Índia, quando você entra na contramão para ultrapassar, o carro que vem na mão contrária age com respeito e paciência. O motorista diminui ou até sai para o acostamento, para não bater no seu carro. Eles são motoristas malucos, mas não são egoístas e são tolerantes com os outros. Carros sem capacidade de correr, permitem, saindo para o acostamento, que os mais rápidos os ultrapassem, mas nós ocidentais acostumados com um transito egoísta ficamos o tempo todo tensos achando que dali não sairemos vivos.
Eu recomendo essa viagem, recomendo viajar de carro para a Índia, porque além da experiência, muitas vezes há aventuras e os preços são muito bons.

Em 2014 voltamos para Udaipur mas ficamos em outro hotel, pois quando ligamos para nosso amigo Mr Satish, o Aashyia Haveli estava com ocupação lotada. Foi chato, e o hotel que conseguimos, a um preço razoável, era um pouco distante.
Esta viagem de 2014 foi muito interessante porque reencontramos amigos e vimos outras festas e uma cidade que cresceu e mudou muito em dois anos.
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Serviço:
Jagdish Temple - Dedicado ao preservador do universo, Lord Vishnu; o Templo Jagdish é uma estrutura grandiosa e majestosa que fica no Complexo do Palácio da Cidade, é o templo mais importante da cidade. O santuário principal abriga uma estátua de quatro braços do Senhor Vishnu, que é esculpida em uma única peça de pedra negra. O santuário principal do Senhor Jagdish está localizado centralmente, rodeado por quatro santuários menores. Esses santuários são dedicados a Lord Ganesha, o Deus Sol, a Deusa Shakti e o Senhor Shiva, respectivamente. Foi construído entre 1628-1653, Maharaja Jagat Singh. Toda a construção do templo custou 1,5 milhão de rúpias naquela época. O templo é um exemplo perfeito da arquitetura Maru-Gurjara.
Horários: O templo está aberto ao público todos os dias da semana, desde as 05:00 da manhã às 21:00 da noite, com todos os puja vidhis realizados o tempo todo, por isso os turistas devem respeitar os rituais e se vestir de acordo.
Preço: Não há taxa de entrada necessária para entrar; está aberto a todos.
Melhor época para visitar: Durante o inverno por causa do clima agradável. Prefira ir durante algum festival, Diwali, Holi e outros pois estará decorado com toda pompa..
Mooson Palace: Sajjangarh Fort Udaipur
Horários: Diariamente das 8h as18h
Preço: Rs. 10 para indianos e Rs. 80 para estrangeiros. E Rs 20 por pessoa para câmera de vídeo
Melhor época para visitar: No inverno, mais fresco e sem Monções e vale a pena ir no horário do por do sol, lembrando que estará lotado.
Nagda: Nagda está localizada ao lado do Lago Bagela, a uma distância de 23 km no noroeste de Udaipur, a caminho de Nathdwara. Nagda compreende muitos templos pequenos e grandes, mas a principal atração é o templo 'Sas-Bahu' termo que sugere 'Sogra e Nora' respectivamente. O templo é dedicado ao Senhor Vishnu e é constituído por duas estruturas, uma pela sogra e outra pela nora, data do seculo 6.
O templo de Sas é comparativamente maior do que o do Bahu. O templo 'Bahu' tem um teto octogonal, que é adornado com oito intrincadas figuras femininas. O templo 'Sas' tem um arco na frente e onde dizem que havia uma imagen de Vishnu. Também temos belissimas esculturas representando o épico Ramayana.
O templo Jainista dedicado ao Jain Saint Shanti Nath, foi construído durante o governo de Rana Kumbha. O templo tem um ídolo estranho e foi assim que o templo recebeu esse nome ('Adbhut' significa estranho). Este estranho ídolo de 9 pés de altura é uma atração para as pessoas. Esses templos foram destruídos pelos invasores estrangeiros em grande parte, ainda assim eles se gabam de sua arquitetura artística excepcional.
Horários: Diariamente das 10 da manhã as 17 horas
Preço: Grátis
Melhor época para visitar: Inverno.
Eklingi: Um dos templos mais famosos de Shiva e Eklingji também é o nome do Senhor Shiva. Este é o nome pelo qual Lord Shiva é adorado em Udaipur. Esse templo é lindo, tem dois andares com telhado colossal em estilo piramidal e uma torre notavelmente esculpida. AS paredes exterans são alongadas com escadas que descem diretamente na água, os famosos ghats.
Endereço: National Highway No 8, Kailashpuri, a 22 km de Udaipur
Horário da manhã 4h30 às 7h e 10h30 às 13h30
Horário da noite 17h00 às 19h30
Aarti: Manhã Aarti 5h30, 8h15, 9h15 e 11h30, Tarde Aarti 15h30 e 16h30, Noite Aarti 17h e 18h30
Preço: Grátis
Melhor época para visitar: Nos horários do Aarti o templo fica mais cheio, e o inverno sempre é a melhor época na Índia.
Kumbalgarth Fort - A melhor época para visitar o forte é Horários: O forte está aberto das 9h às 18h, todos os dias da semana, durante todo o ano. Preço: A taxa de entrada para um visitante indiano é de Rs 10, enquanto para viajantes estrangeiros é de Rs 100.
Melhor espoca para visitar: Durante o inverno entre os meses de outubro a fevereiro, quando o clima é mais fresco. Durante os meses de março a junho não é recomendado pois é muito quente e escaldante.
Neelkanth Mahadev Temple: O Templo Neelkanth Mahadev é um famoso templo Shiva localizado perto do Forte Kumbhalgarh. Construído em 1458 DC, ele tem um Shivling de seis pés de altura que é feito de pedra e dedicado ao Senhor Shiva. Shiva é a única divindade naquela área. As lendas dizem que o rei Rana Kumbha costumava adorar essa divindade. King também foi decapitado por seu próprio filho quando fazia orações no santuário. Horários: Está aberto das 9h às 18h, todos os dias da semana, durante todo o ano.
Preço: Entrada livre
Melhor época para visitar: Inverno.
Ranakpur: Localizado a 50 km de Kumbhalgarh, é um dos locais mais importantes da região de Kumbhalgarh. O local abriga o famoso templo denominado Templo Chaumukha, dedicado a Tirthankara Adinath.
Horários: Das 8 horas as 18 horas
Preço: Grátis
Melhor época para visitar: Inverno.
Thirtankara - No jainismo, um Tirthankara (sânscrito: tīrthaṅkara; inglês: literalmente um 'criador de vau') é um salvador e professor espiritual do dharma (caminho correto). A palavra tirthankara significa o fundador de um tirtha, [2] que é uma passagem viável através do mar de nascimentos e mortes intermináveis, o saṃsāra. De acordo com os jainistas, um Tirthankara é um indivíduo que conquistou o saṃsāra, o ciclo de morte e renascimento, por conta própria, e criou um caminho para outros seguirem. Depois de compreender a verdadeira natureza do eu ou alma, o Tīrthaṅkara atinge Kevala Jnana (onisciência). Tirthankara fornece uma ponte para que outros sigam o novo professor de saṃsāra a Mahavira (liberação). (wikipedia)
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