Jaipur - Pink City गुलाबी शहर जयपुर
- Admin
- 26 de nov. de 2007
- 18 min de leitura
Atualizado: 8 de abr. de 2021

Em 2012, nosso terceiro hotel no Rajastão seria o Umaid Bhawan, em Jaipur. Um hotel com instalações modernas e com acomodações em estilo Rajasthani, gerido por uma família de Rathores.
Rathor é uma casta de guerreiros conhecidos por sua disposição inabalável para a luta e pela bravura. Sempre foram muito respeitados por sua disposição de sacrificar a própria vida para honrar seus valores.

O Umaid Bhawan é um dos melhores hotéis em Jaipur. Construído em estilo tradicional rajastani, possui varandas maravilhosamente esculpidas, pátios, terraços atraentes aberto, lindo jardim e quartos confortáveis com mobiliário antigo mas totalmente equipado com Ar Condicionado em todos os quartos, um bom restaurante, serviços de Wi-fi, TV a cabo, aluguel de carro e reservas de bilhetes aéreos.
Tínhamos escolhido e reservado este hotel, porque nossa prima viajaria conosco e queríamos que ela tivesse conforto e prazer em viajar pela Índia na primeira vez no país. Mas ela desistiu da viagem e acabamos não ficando no Umaid Bhawan porque mudamos o roteiro porque não simpatizamos muito com Jaipur e preferimos ir de Jodhpur para Jaisalmer onde o passeio pelo Deserto de Thar é bem mais bonito.
Acabamos indo para Jaipur por 2 dias apenas e somente porque pretendíamos ir a uma loja específica.
Saímos de Jailsalmer no fim da tarde e viajamos num ônibus horrível. Chegamos no dia seguinte em Jaipur. São quase 620 km de distancia que levam inacreditáveis 15 horas, se tudo der certo.
A verdade é que depois de termos ido de Udaipur para Jodhpur de carro, chegamos a conclusão que a melhor maneira de viajar na Índia é contratar um carro com o motorista. Se tiver a sorte de encontrar um cara como o Youssuf Hussein (que nos levou de Udaipur até Jodhpur) será muito bom ou então pode conseguir alguém que nem fala em inglês, mas que leve ao destino no prazo estipulado (o que ocorreu na viagem de Rishikesh para Delhi).

Como já falei, não gostamos de Jaipur desde a outra vez em que estivemos lá, em 2007.
A cidade é feia, caótica, empoeirada, barulhenta e com todos os defeitos da cidade grande. Somente os pontos turísticos são interessantes.
A famosa Cidade Rosa, só tem a cor rosa nos pontos turísticos.
Em 2007 tivemos a sorte de conhecer o Sr Khalil, que foi nosso guia e motorista durante dois dias. Além de saber tudo sobre a sua cidade, era uma simpatia. Nos deixava na porta dos monumentos e ficava nos esperando, mas antes nos dava uma rápida aula de historia. Ele sabia até nos dizer quais eram os melhores pontos para fotografarmos a cidade e parava o tuktuk quando queria e ainda dirigia nossas fotos.
Em 2012 (quando escrevo esse post) não demos sorte, pois desistimos de ficar no Umaid Bhawan, já que iriamos ficar na cidade um só dia, e reservamos um hotel pela internet. Como todos os hotéis indianos na internet, este também parecia bom mas ao ingressar no no saguão logo notamos a diferença das fotos do site. Era sujo. Parecia que não limpam o chão como se deve, com água e sabão, há dias. Era dia 17 de março.
Como estávamos super cansadas, estressadas e empoeiradas resolvemos ficar. A viagem naquele ônibus leito, saindo de Jailsamer, tinha sido terrível. O "leito", era um andar superior no ônibus, ou melhor, um espaço como se fosse um bagageiro duplo, mas onde se pode deitar e dormir esticada, como se estivesse numa cama. Porém era claustrofóbico e a toda hora algum indiano abria a janelinha que podíamos fechar para ficarmos isoladas.
Cansadas, não tínhamos mais folego para procurar outro hotel e ficamos no Shalimar. O rapaz nos levou ao quarto que além de sujo e pequeno, não tinha janela. O banheiro era horrível e tinha uma banheira nojenta. O rapaz insistiu para ficarmos, mas reclamamos e colocamos as malas no elevador para ir embora. No saguão, o recepcionista não nos deixou sair e disse que tínhamos reservado.

Na Índia eles sempre fazem isso, te coagem a ficar, dizem que perderam outros clientes porque reservaram para você. Alegamos que não reservamos quartos sujos e sem janela. Ele cedeu e nos deu 3 chaves de quartos para escolhermos. Tudo igual, o primeiro era pior e os dois outros menos piores. Eu desci e falei para minha irmã que não tinha jeito. Pegamos as malas e fomos em direção a porta. Nesse momento o recepcionista pegou a ultima chave no painel do balcão e nos levou. Era um quarto grande, com sala, um banheiro enorme, limpo, que tinha até toalhas, papel higiênico e sabonetes, coisa rara na Índia, além de TV, ar condicionado, armários, mesa para refeições, copos de vidro e uma garrafa de água. Enfim, devia ser a suíte presidencial do Hotel (mega cafona) e ele disse que iria cobrar o preço do quarto standard.
Na Índia, quem não reclama sofre mais. Eles tentam te impor o que eles querem, mas quando notam que você não aceita, mudam o comportamento. Na foto acima, o exato quarto em que ficamos. Bonito na foto? Era muito cafona, mas ficamos bem instaladas.
No dia seguinte acordamos cedo e tomamos café no salão do hotel. Estava razoável mas o salão estava sujo: chão sujo, toalhas sujas. Isso na Índia é incrível, eles não ligam muito para a higiene e limpeza.
Não visitamos nenhum lugar pois conhecíamos todos. Os lugares turísticos de Jaipur que percorremos em 2007. São eles:
Amber Fort

Amber Fort , fica a 11 km ao norte do centro de Jaipur, e foi construído por hindus e muçulmanos num estilo arquitetônico que remonta a era Raja Man Singh. Era o palácio real dos Kachwahas de 1600 -1727.
Os principais pontos turísticos dentro do forte são a Diwan-e-Aam ou a "Câmara de Audiência Pública ", o Diwan-e-Khas, ou o" Hall da Audiência Privada", o Taj Sheesh (palácio de espelho, que consiste em salas cobertas de espelhos das paredes ao teto) ou Jai Mandir, e os Niwas Sukh onde o clima frio é artificialmente criado por ventos que sopram sobre a cascata de água dentro do palácio.
Este palácio foi habitado pelos marajás Rajput. Na entrada do palácio perto do portão há o Pol Ganesh e também há um templo dedicado a Sila Devi, uma deusa do culto Chaitanya cuja imagem foi presenteada a Raja Man Singh quando ele derrotou o Raja de Jessore, de Bengala em 1604. Pode-se chegar ao Amber Fort de carro ou subir até o topo no lombo dos elefantes.
Jaigarh Fort, fica a 1 km a pé a ladeira do ''Amber Fort''. Nunca conquistado em batalha, foi considerado o mais forte dos três fortes na área. Ele é mais conhecido por ter o maior canhão do mundo, mas a melhor razão para visitar o forte são os jardins maravilhosos de onde também temos uma vista espetacular do Amber e das colinas ao redor.
Nahargarh, é menor dos três fortes e abriga também o compacto Madhavendra Bhawan Palace, embora seu antigo esplendor esteja desaparecendo rapidamente sob uma nova camada de grafite e fezes de pombos.

Hawa Mahal, é o famoso "Palácio dos Ventos". Localizado no coração de Jaipur, este palácio de cinco andares foi construído em 1799 pelo Maharaja Sawai Pratap Singh, que pertencia à dinastia Kachhwaha Rajput.
Todo construído em arenito vermelho e rosa, o palácio tem a forma da coroa de Krishna e o principal destaque do Hawa Mahal é a sua forma piramidal e suas 953 janelas ou "Jharokhas", que são decorados com intrincados desenhos. A principal intenção por trás da construção foi a de facilitar que mulheres reais pudessem ter a visão da vida cotidiana através das janelas. Havia um homem com a tipica Naja no cesto tocando flauta bem na frente do Hawa Mahal. Ficamos olhando e não nos lembramos de tirar fotos. De lá fomos para o
Gaitore ki Chhatris, que é o lugar de descanso final dos Maharajas de Jaipur. O Gaitore de Jaipur é popular por seus cenotafios ou 'Chhatris', conhecido como Gaitore Chattris. Símbolo do popular estilo de arquitetura Rajput, este lugar incrível atrai um grande número de visitantes de todas as partes do mundo. Localizado a 15 km da cidade de Jaipur, no caminho para o Amber Fort tem uma bela arquitetura com ricas esculturas. A quantidade de túmulos de crianças impressiona. Chega-se a conclusão de que naqueles tempos a mortalidade infantil era grande até entre as famílias mais abastadas. O local é realmente bonito, delicado, intrigante. O valor da entrada não é caro, mas tem que pagar para fotografar.

Temos ainda o City Palace que fica dentro da cidade antiga, perto de New Gate e do Hawa Mahal.
Trata-se de uma arquitetura que mescla a imponência dos Rajput com a Mongol. É um complexo enorme que ocupa grande parte da cidade. Foi construído por Maharaja Jai Singh II, e é dividido em uma série de pátios, jardins e edifícios. Dentro dele temos vários outros palácios como o o Chandra Mahal, o Mubarak Mahal, o Diwan-e-Khas, o Diwan-e-Aam e o Ridhi Sidhi Pol.

Jal Mahal, Palácio da Água fica no caminho para Amber Fort. Em estilo Rajput fica no centro do lago Man Sagar. No inverno o lago seca e você pode ver a sujeira toda, mas durante as monções se transforma em um belo lago repleto de jacintos d'água e de sujeira também, que se acumula mais nos cantos. O Sr Khalil nos contou que quando o lago secava, os nobres caçavam tigres na área. Ela também parou num ponto da estrada onde disse que a foto sairia melhor e perfeita,
Lakshmi Narayan Temple, também conhecido como Birla Mandir é um templo maravilhoso, todo feito de mármore branco, com esculturas monumentais. Está localizado em um terreno elevado na base da colina Moti Dungari. Dedicado ao deus Vishnu e sua consorte a Deusa Lakshmi, é um marco arquitetônico pois foi construído com uma abordagem moderna. Dentro deste magnífico santuário existem ídolos do Senhor Vishnu e de Lakshmi, assim como outros deuses e deusas hindus. Nas paredes há entalhes de símbolos hindus, citações antigas do Geeta, e dos Upanishads. A maior curiosidade é que além dos ídolos religiosos Hindus, encontramos figuras de santos Católicos, filósofos e ícones históricos, como Sócrates, Buda, Zaratustra, e Confúcio. Segundo a história, o templo Birla foi construído pelo Maharaja a pedido de sua esposa que era cristã. Esse templo não estava nos nossos planos de visitação, foi uma idéia do Sr Khalil e adoramos a sugestão. Num dos pórticos há uma escultura em um mármore tão fino, que quando o sol bate fica quase transparente,

Jantar Mantar, considerado patrimônio mundial da UNESCO é o maior dos cinco observatórios astronômicos construídos pelo Maharaja Jai Singh durante o período de 1727-1734 no norte da Índia. O observatório é composto por 14 principais dispositivos geométricos (ou yantras em hindi) para medir o tempo, prever eclipses, seguindo estrelas em suas órbitas, determinar as declinações dos planetas e fenômenos celestes. Ficamos um bom tempo nesse complexo enorme e muito curioso, quando saimos o Sr Khalil não estava a nossa espera. Compranos sorvetes e o esperamos por algum tempo, ele apareceu e seguimos viagem.

Compras em Jaipur
Eu disse acima que não visitamos nenhum ponto turístico em 2012, mas na realidade fomos a Johari Bazar onde prestamos novas homenagens ao Hawa Mahal e onde fizemos algumas compras. Compramos tecidos e um Punjab.
Jaipur também é famosa por suas jóias, pedras preciosas e semi preciosas. Mas cuidado com as falsas. Lá você encontra também belas estatuas e produtos têxteis de qualidade. A cidade é famosa pela estamparia com carimbos (block print) e também pelas colchas e tapetes. A estilo de impressão chamado de bandhej é típico da região. Objetos de mármore e esculturas são industrias igualmente importantes e famosas em Jaipur. As pedras de mármore vem de Makrana, famosa pedreira indiana de onde veio o marmore do Taj Mahal.
Perto do Hawa Mahal há um grande número de lojas de antiguidades e também de pseudo-antiguidades. Algumas lojas situadas no lado oposto ao Hawa Mahal vendem tecidos e colchas por quilo. Nessa região também se encontra saris e punjabis a preços convidativos.

Os principais mercados são, juntamente Johari Bazar, Bazar Bapu, Bazar Nehru, Rasta Chaura, Bazar Tripolia e MI Road. Lojas especializadas em pedras preciosas e semi-preciosas, ornamentos e as jóias são encontradas em e ao longo de Johari Bazaar.
Jaipur é uma cidade grande e caótica, por isso, dependendo de onde estiver, talvez seja difícil encontrar bons lugares para comer. Das duas vezes em que estivemos na cidade encontramos dificuldades para comer pois o Hotel onde estávamos hospedadas não tinha restaurante. Em 2007 comíamos num restaurante próximo e também em restaurantes de bons hotéis nas cercanias. Descobrimos um bom restaurante chamado Gayatri, mas era bem longe de onde nos hospedamos desta vez, não dava para ir até lá comer.

O Shalimar era na Vanasthali Road, perto da Station Road, onde encontramos um restaurante razoável, limpo e com boa comida. Se você for se hospedar em hotéis de mochileiros, terá de ir atrás de bons restaurantes, nos bairros onde encontra hotéis melhores.

Em 2014, na Johari Bazar, nos indicaram um ótimo restaurante chamado LMB, que também era um hotel. Na realidade, havia o hotel, a padaria, doceria e fastfood e, numa porta anexa, um salão restaurante (foto do restaurante abaixo e do fast-food ao lado). Comemos muito bem ali, um Allo Palak (Batatas com espinafre) e um Sada Chawal (arroz basmati).
Os doces indianos são um capitulo a parte. Deliciosos, menos doces que os brasileiros, mais saborosos e quase todos são feitos ou com castanhas ou com leite e doce de leite. Muito bons.
Come-se muito bem na Índia, os produtos industrializados de lá, como o queijo, seus derivados, sucos, biscoitos, salgadinhos, são todos muito bons. As verduras e frutas são deliciosas. Existem diversos tipos de berinjela por exemplo e eles usam muito a castanha de caju (kaju em Hindi), amêndoas e cogumelos tipo francês.
Johari Bazar

Como não gostamos muito da cidade, a Lei de Murphy nos fez ter o azar de pegar o pior e mais chato motorista de Jaipur. Pretendíamos ir a uma revendedora autorizada da Apple. Na realidade, fizemos esse pit-stop em Jaipur em 2012, apenas para ir nessa loja. Pelo que tínhamos pesquisado, essa revendedora autorizada da Apple ficava num dos grandes shopping centers da cidade num bairro mais rico e requintado.
Decididas a comprar um Ipad, pegamos um tuktuk. Quando dissemos onde queríamos ir, o motorista não queria nos levar lá, disse que pagaríamos mais caro e que ele tinha um "brother" que tinha uma loja de tecidos, e o outro irmão dele tinha loja de jóias. Respondemos que não tínhamos intenção de comprar tecidos, nem tapetes, nem jóias e nem artesanato e que queríamos algo que estava no shopping.
Ele ignorou o que dissemos e continuou a tentar nos convencer. Todos os motoristas da Índia tem irmãos lojistas. Eles falam isso para convencer os turistas a irem nas lojas onde são comissionados. Falam em parentesco justificando que o parente dele fará preços mais camaradas para você. Tudo balela. Turista na Índia é como na Grécia, na Russia e no Brasil, sempre vão pagar mais.
Nos recusamos a ir e o rapaz insistia e não parava de falar e falar e falar até que minha irmã se irritou e disse que se ele não parasse de falar ela ia descer do tuktuk. No final o camarada ainda não tinha troco e pegou o dinheiro de nossas mãos e entrou no dito shopping para trocar. Ficou reclamando e disse que iria nos esperar para então nos levar nas lojas dos "brothers" dele. Dissemos que não iriamos em loja alguma. Mas quando saímos ele estava lá, esperando, falando, insistindo. O ignoramos e pegamos outro taxi, com ele colado na gente falando e reclamando.

O shopping foi um decepção, parecia um promocenter mais sofisticado. Por fora até impressiona, mas por dentro é menor e tinha a metade das lojas fechadas. As que estavam abertas eram precárias. Parecia estar abandonado, estava as moscas, nenhum comprador. Algumas lanchonetes e café transados sem ninguém, só os funcionários. A foto ao lado mostra ele por dentro, mas eu acho que a foto é da época da inauguração (peguei na internet), pois está mais caído".
Rodamos e rodamos e não encontramos a loja da Apple. Procuramos pelo numero e havia uma loja fechada e lacrada. Pedimos informações e nos disseram onde havia um representante Apple no shopping. Era uma lojinha escura com alguns notebooks (3 ou 4) para vender, poucos acessórios como cabos, mouses, e afins e nenhum produto da Apple. O IPAD só por encomenda e o proprietário queria nos vender um IPAD demo. Triste foi constatar que o representante oficial da Apple na capital do Rajastão era inexistente e o pior é que consta no site da Apple Store mundial como representante oficial.
Afinal nossa ida a Jaipur tinha sido uma fraude, fomos mais por causa do IPad, pois comprar em Delhi seria mais difícil e no final da viagem. Mas não houve alternativa, agora o objetivo era partir rumo a Bodhgaya e curtir a viagem sem o Ipad.
Deixamos o shopping num outro taxi e dali fomos para a estação de trem, como sempre lotada e caótica. Ficamos no guichê para turistas, idosos e deficientes. A fila não andava, e quando foi a hora de atender um cliente que estava a nossa frente, a moça do guichê disse que ia almoçar e logo voltaria.
Sim, a funcionaria da estação ferroviária foi almoçar e ninguém a substituiu. Aproveitamos para exercer a paciência e a tolerância e para preencher o formulário para a compra de passagem, algo bem chatinho, porque você precisa saber o nome e o número do trem, e caso não preencha corretamente pode ter problemas, pois alguns vendedores até ajudam turistas, mas outros não.

Companheiros de cabine
Depois de quase uma hora a moça do guichê voltou e quando foi a nossa vez de comprar as passagens. aconteceu a mesma historia de sempre: "Não tem passagem para o dia que você quer".
Quando isso acontece, e quase sempre acontece com turistas, a solução é comprar em agencias, e as agencias vendem a preços exorbitantes. Contudo, antes de viajarmos para a Índia pela primeira vez em 2007, eu havia lido todo o site da India Railways e descobri que existe um tipo de tarifa chamada de TATKAL, que é reservada para militares, aposentados, idosos, deficientes e TURISTAS!
Funciona assim, uma porcentagem do vagão é destinada a essas cotas e a pessoa que cumpra os requisitos acima citados paga uma taxa extra, chamada Tatkal, que nem é muito alta, quer dizer, não é alta quando você compra direto no guiche e te cobram o preço real. Pois pode ocorrer de ter que comprar com o simpático dono do hotel ou em uma agencia de turismo e nesses casos a taxa se eleva ao dobro ou ao triplo.
Apelamos para a TATKAL mas só havia um leito de segunda classe AC e era no corredor e superior. Segunda classe AC é bem razoável, uma cabine com 6 leitos. Na terceira classe são 8 leitos. Mas ambas tem ar condicionado e são melhores que as classes inferiores. Vale lembrar que a primeira classe não tem em todos os trens e são poucos leitos que estão sempre reservados.
A atendente era bem simpática e disse que poderia deixar uma de nós na lista de espera pois era comum pessoas pegarem o trem e fazerem um trajeto que poderia ser menor que o nosso. Os trens saem de ter determinadas cidades e rodam meio pais. Entra e sai gente o tempo todo. Se estivéssemos na lista de espera, poderíamos comprar um leito assim que ele ficasse livre e foi o que aconteceu, duas ou três paradas depois de sairmos de Jaipur conseguimos o leito abaixo do nosso.

Embarcamos as duas encima o que foi muito ruim por causa do pequeno espaço que não permite sentar direito. (vide a foto ao lado)
Viajamos com uma família na mesma "cabine". Eram duas mulheres, um senhor e um menino. Tudo correu bem, como sempre, os indianos são curiosos e simpáticos. Ganhamos doces caseiros de uma das moças, doce feito pela mãe dela, chamado Péra.

A viagem foi melhor do que esperavamos e chegamos em Bodhgaya pela manhã. Tinhamos saído de Jaipur no fim da tarde e a viagem durou cerca de 18 horas. Tudo na India demora, e as viagens de trens são lentas pois os trens são antigos. Tem eletricidade para ligar celular, notebook e etc, e também tem ar condicionado, mas são lentos e antigos. Talvez operem em velocidade reduzida por causa da malha viária e esse vagões AC Car não abrem as janelas, que estão sempre sujas e impedem de ver a paisagem direito. Coisas da India. Da India real.
Jaipur 2007
Preciso escrever sobre quando fomos para Jaipur em 2007. E escolhemos Jaipur porque todos falavam sobre o Triangulo Dourado: Delhi, Agra e Jaipur.
Foi uma longa aventura, porque saímos de Delhi para Jaipur de ônibus e não tínhamos a menor idéia do que era viajar de ônibus na Índia. Compramos as passagens numa agencia, acreditando que tudo era correto e correria bem, porém ao chegar na estação descobrimos que o onibus nem saia de lá, e sim de uma rua próxima.
Ninguém informava direito e não sabíamos em quem acreditar. Fomos para uma esquina e sentamos num banco onde disseram que o ônibus estaria. Nada havia alie e, na dúvida, perguntamos a um rapaz que tinha um quiosque onde várias pessoas paravam para recarregar o celular. Ele vendia salgadinhos e doces.
O rapaz confirmou, mas desconfiamos. Logo apareceu outro homem, e mais um e então um rapaz com um violão e começamos a perguntar. Todos iam para Jaipur e comparamos as passagens. O rapaz do violão, que era de classe média, começou a dizer que era um absurdo o ônibus estar demorando tanto.
Logo mais e mais pessoas foram chegando e acreditamos que o ônibus apareceria. Estava demorando muito e alguém foi até a estação que ficava há alguns metros perguntar. Voltou com a noticia de que deveríamos esperar. O tempo passava e nada acontecia.
Demorou muito tempo até que o ônibus chegasse e embarcamos num veiculo precário, mas que nos levou em segurança ao destino depois de uma longa viagem com várias paradas.
O rapaz do violão disse que se precisássemos de algo podíamos procura-lo em Jaipur e deu seu endereço e telefone.
Foi uma viagem estressante e quando chegamos em Jaipur pegamos um tuk tuk e demos o nome do hotel que tínhamos reservado por telefone. Em 2007 não existia wi-fi, nem smartfone, poucos hotéis estavam na internet e o Tripadvisor estava engatinhando. Reservar pela internet, como fazemos hoje pelo booking era um sonho. No máximo por e-mail.
Havíamos encontrado o hotel no guia de viagens e telefonamos para reservar. O motorista do tuktuk disse que não era um hotel bom, mas nos levou lá. Comentou que poderia nos levar em outro, mas não aceitamos. Ele disse que ia nos esperar de qualquer forma.
Ao entramos no pátio não gostamos. era estranho e confuso. Nos levaram ao quarto. As paredes manchadas de umidade, ambiente gelado, cheiro de mofo e comecei a espirrar. Dissemos que não íamos ficar e o proprietário começou a brigar conosco, dizendo que não podíamos cancelar porque tínhamos reservado e que ele perdera outros hospedes por nossa causa, a mesma ladainha de sempre.

Entramos no tuktuk e o motorista nos disse que o hotel era ao lado, pedimos para ele nos levar, ele disse que nem precisava, podíamos ir a pé, mas insistimos e ele saiu da porta de onde estávamos, dirigiu por uns 100 metros e entrou no jardim do Hotel H.R. Palace, na Kabir Marg.
Realmente era outro nível. O motorista do tuktuk chamou o camareiro que levou nossas mochilas para o saguão. O recepcionista disse que nos colocaria num quarto provisório e depois nos transferiria para outro.

Agradecemos ao nosso motorista e ele nos deu um cartão. Disse que se quiséssemos ele passaria no hotel para fazermos alguns passeios turísticos no dia seguinte e que só cobraria o transporte. Mr Kahlil, uma pessoa adorável.
O quarto era enorme, com uma cama gigantesca, o chão todo de mármore, e uma enorme lareira no centro da parede dos fundos. Fiquei imaginando o preço que seria aquela suíte, mas não pagaríamos por ela, pois iriamos ficar ali somente até um outro aposento vagar.
O outro quarto era menor, mas aconchegante. Foi uma curta estadia. Em 2007, o H.R. Palace não tinha restaurante e na rua haviam dois que não nos convenceram. Também havia uma lojinha e armazém, e um outro hotel na quadra ao lado, o Bani Park, onde fazíamos as refeições a noite.

Fizemos todos os passeios com Mr. Kahlil, que na manhã seguinte estava nos esperando na esquina. Como estou escrevendo este post anos depois, não recordo muito bem onde tomamos café da manhã neste dia, mas recordo que após o desjejum fomos para o Lakshmi Narayan Temple com Mr Kahlil. Primeiro ele deu uma volta pelo centro cor de rosa da cidade e no caminho passamos pelo palácio da Maharani de Jaipur. Mr Kahlil disse que ela era uma boa pessoa e que o povo a amava. Depois fomos para o Johari Bazar, e visitamos o Hawa Mahal. Mr Kahlil sempre nos deixava na porta e quando saíamos lá estava ele a nossa espera. Ele não nos apressava e nos contava curiosidades sobre os lugares. Na porta do Hawa Mahal, havia um encantador de serpentes, foi a primeira que vimos, mas não tiramos foto, infelizmente.

Depois disso fomos ao Jantar Matar e ali perto visitamos lojas de tecidos e o próprio Mr Kahlil nos levou em tecelagens e em um local onde faziam os tecidos de block print e também nos levou em joalherias e vimos a lapidação das pedras. Como todo indiano, queria ganhar sua comissão sobre o que comprássemos, mas avisamos que não iriamos comprar nada, ele disse que não tinha problema e depois nos deixou em uma rua onde haviam lojas e mais lojas de tecidos, de roupas tipicas, guarda chuvas, enfeites de elefantes, objetos típicos do rajastão e dissemos para ele ir embora, pois iriamos demorar, mas ele ficou esperando. Nós o encontramos mais tarde e ele nos levou ao hotel, prometendo que no dia seguinte nos levaria ao Amber Fort.

Antes de irmos ao Amber Fort, ele sugeriu um passeio ao Gaitore ki Chhatris. Nos mostrou uma parte do cenothaps (tumulos) era de uma série de crianças da mesma familia nobre. Foi perto desse Gaitore que vimos o segundo encantador de serpentes e o primeiro elefante pintado com cores vibrantes.
Depois rumamos para o Amber Fort. Foi um belo passeio, com direito a várias paradas para tirarmos fotos. Foi maravilhoso para marinheiras de primeira viagem em seus primeiros dias na Índia. Visitamos todas as dependências do complexo que é incrível. Passamos muitas horas lá. No retorno, ele parou na estrada, no mostrou o Jal Mahal, Palácio da Água, contou historias de marajás que caçavam tigre na região, contou sobre batalhas e a tarde foi caindo. Ganhamos bindis de presente, trocamos endereços com Mr Kahlil, tiramos fotos e ele nos deixou no hotel. Nosso tour com ele tinha terminado, pois queríamos um tempo livre porque ainda precisávamos comprar passagens e fazer algumas compras.

Comprar a passagem de volta não foi fácil, pois ao chegar nossa vez não havia lugar no trem. Minha irmã estava nervosa, disse que não queria passar o aniversário nesta cidade e eu falei sobre a TATKAL. O senhor do guichê foi desdenhoso e disse que não podíamos pagar por uma taktal e então jogamos um maço de dinheiro, todo nosso dinheiro no balcão. Ele nos vendeu e fomos passear aliviadas.
Conhecemos um bom restaurante vegetariano Gayatri Multi Cuisine Restaurant, na rua paralela a do nosso hotel, a Ml Road, onde almoçamos muito bem.
Depois do almoço fomos caminhar. A Kabir Marg, rua do nosso hotel, terminava numa rotatória chamada Sawi Jai Singh Circle, onde ficava o Hotel Jaipur Ashok e o escolhemos para tomar o desjejum no dia do aniversário da Roberta, dia em que deixamos a cidade, porque ela não queria passar a noite de seu aniversário nesta cidade.
Pensamos que tomaríamos um café da manhã 5 estrelas e estavamos dispostas a pagar por isso, mas o menu era pobre. Não havia buffet.
Tínhamos suco, de caixinha, chá, torradas com manteiga e geleia, ovos, caso quiséssemos. Creio que esse era o menu continental. Decepcionante. pedimos um lassi e talvez iogurte, não recordo, mas não foi bem o que esperávamos.
Depois desse desjejum, fomos para o hotel, fechamos a conta e fomos para a estação ferroviária rumo a Delhi, para depois voltar para casa.

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