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Pokhara - Nepal

  • Foto do escritor: Admin
    Admin
  • 30 de out. de 2014
  • 20 min de leitura

Atualizado: 10 de fev. de 2023


O local para pegar o ônibus para Pokhara era exatamente o mesmo que vendedor tinha nos dito. Ficava bem em frente ao escritório da agencia de viagens e quando chegamos no ponto de partida, havia vários ônibus estacionados; algumas barraquinhas vendendo sanduíches, pacotes de bolacha e uma porção de coisas que vendem em paradas de ônibus.

Para nossa surpresa o ônibus era bom. Não tinha semelhança alguma com os ônibus de nossas experiências na Índia; carros que chamam de ônibus e que não passam de ferro-velho. Tão velhos que no Brasil seriam proibidos de circular pelas ruas. O ônibus nepalês era igual da foto. Tinha ar-condicionado, banco reclinável e até mais espaço para as pernas que alguns aviões.

Não atrasou, saiu rápido e um menino que parecia ser uma espécie de comissário de bordo distribuiu água para todos nós passageiros. Percorrendo o centro de Katmandu nós descobrimos que eles tinham shoppings, lojas de grife e até uma Uniqlo. Essa região da cidade era bem mais desenvolvida bem mais moderna. Mas ao passar pelo rio a realidade choca pois há mais lixo do que água e é muito triste.

Demorou um pouco para sair da cidade e no caminho pudemos avistar, ao longe Templo Pashupatinath, o lugar onde cremam os mortos. Greg comentou ter ido e que era um lugar bem triste mas muito peculiar.

Vimos ainda uma cidade muito caótica, efervescente e fomos deixando aquela paisagem urbana para chegar ao interior e onde a paisagem foi se tornando deslumbrante e nos lembrou muito o Peru, nos trajetos pelas montanhas antes de se chegar ao Altiplano.

Mas o zigue-zague que o ônibus faz é terrível e eu comecei a sentir tanto enjoo que eu não consegui comer nada na parada de ônibus. Eu tinha tanta náusea e tontura que eu nem me lembro se a Roberta comeu. Eu sei que nós fomos ao banheiro entramos em um restaurante enorme que era tipo self service.

Fora haviam barraquinhas de frutas e eu acho que nós compramos alguma fruta; talvez algum salgadinho. Não lembro bem porque eu tinha muito enjoo e eu acho que foi aí que começou a minha gastrite.

Essa viagem foi terrível para mim e para dizer a verdade eu tenho uma péssima memória dessa viagem e talvez eu não tivesse memória alguma se não tivesse as fotos para ver. Creio que saímos cedinho de Katimandu e chegamos em Pokhana no começo da tarde.

Quando chegamos ao Green Tara Hotel, fomos bem recebidas, mas achamos o hotel bem caído. O quarto era pior. A primeira má impressão foram as paredes do quarto sujas com marcas de mãos e muita poeira. Mesmo que não tenham dinheiro para pintar, deveriam lavar. O carpete era sujo e velho demais, o banheiro tinha o vaso sanitário sujo, bem ao estilo indiano (em termos de sujeira, ou seja, nunca limpam com esfregão), fomos averiguar as camas e notamos que a roupa de cama era surrada e assim, imediatamente, resolvemos que não ficaríamos ali mas como precisávamos descansar da cansativa maratona ficamos por uma noite..

Na verdade tínhamos reservado outro hotel cujo nome não consigo lembrar, porem quando fomos confirmar as datas a pessoa que atendeu a Roberta ao telefone disse que não ia poder nos receber pois tínhamos que ter confirmado antes. Mas estávamos justamente ligando para confirmar, conforme o combinado e então a pessoa disse que como não tínhamos pagado um sinal para garantir a reserva eles tinham cancelado. A Roberta disse que não podiam ter feito isso sem nos avisar já que tinham nosso e-mail e o homem mentiu falando que avisara mas o e-mail tinha voltado, então percebemos algo muito estranho, ou seja, alguém chegou no hotel e eles deram nosso quarto. A Roberta comentou nossa desconfiança. disse que ele não tinha sido correto, que tinha mentido ao falar sobre o e-mail e o homem disse que sentia muito e desligou. Imediatamente fui ao tripadvisor fazer um review sobre eles e o homem retrucou no site e ainda mentiu mais ainda. Na realidade quando eu fiz a reserva não havia nenhuma taxa a ser paga previamente e inclusive escolhemos esse hotel porque nós nem sabíamos como iriamos para Pokhara se de ônibus ou avião. Quando vimos o estilo do aeroporto e soubemos que o Nepal é o país com mais cias aéreas e também onde mais caem aviões em todo mundo, resolvemos ir de ônibus e por isso fomos confirmar a reserva no prazo estipulado pelo hotel.

O review do tripadvisor foi tirado do ar após o homem dizer que nós o chantageamos, ele usou o termo blackmail, eu repliquei, mostrei a reserva ao site e a reclamação voltou ao ar e o clima esquentou e eu disse que não ficaríamos nesse hotel nem de graça porque ele mentiam e não tinham palavra. O problema é que já tinha sido super difícil conseguir esse hotel em Pokhara, com vista para o lago e a um preço bom com banheiro e etc., pois Pokhara é uma cidade muito turística, até mais do que nós pensávamos ou queríamos, inclusive é muito ocidentalizada.

Depois da confusão toda, fiquei procurando outro local razoável e ligamos para vários, todos lotados até que encontramos o Green Tara Hotel, e achamos que dava para o gasto, apesar de não parecer excelente, tinha uma boa localização. E como disse acima, ao vivo, o hotel era ruim e então descansamos um pouco, pois estávamos cansadas depois de 7 horas de viagem, e depois saímos para procurar outro hotel porque era impossível ficar nesse. Dava nojo de ir ao banheiro. Como nós já tínhamos feito o check in e tínhamos que pagar uma diária, resolvemos procurar algo melhor, com calma e partir no dia seguinte.

Nem foi difícil encontrar um hotel melhor, pois caminhando pela avenida principal por cerca de 10 minutos, entrando e saindo das travessas, entravamos em todos os hotéis e hospedarias que achávamos razoáveis até que vimos um prédio verde limão e entramos. As pessoas que nos receberam eram simpáticas e o local limpíssimo; tão bem localizado quanto o primeiro, ficava a apenas 5 quadras do outro, na Ammat St. O preço era melhor, mas só teriam quarto para o dia seguinte, então fomos obrigadas a dormir no Green.

Fechamos acordo e fomos passear pelo lago Fewa ou Phewa, o mais famoso lago de água doce do Nepal, situado a sul do maciço do Annapurna. Caminhamos, nos adaptamos ao entorno, conversamos com algumas senhoras tibetanas que vendiam bijuterias a beira do lado e paramos para tomar suco de frutas em uma barraquinha.


Nessa altura da viagem, depois de 3 vezes na Índia, já tínhamos perdido o medo de comer ou tomar qualquer coisa na rua. Só não podia ter água no suco, e como o rapaz estava fazendo numa centrifuga na nossa frente, tomamos nosso delicioso suco sem medo. Escolhemos as frutas ele fez a mistura e nos serviu.

As nuvens estavam baixas e não conseguíamos ver os Himalaias. O rapaz disse que nessa época do ano não era muito fácil de ver os Himalaias ou melhor, a cordilheira do Annapurna. Depois demos um passeio pela avenida que margeava o lago, Lakeside Road, para nos ambientar e escolher onde comer mais tarde. Acabamos jantando em um restaurante Tibetano, no Tibetan Market, que ficava na mesma avenida. A comida era boa, o restaurante familiar. O senhor cozinhava, a mulher ajudava, servia e cuidava das crianças, que brincavam no salão e além de nós tinha algum grupo de turistas jantando também. Na saída encomendamos algumas pulseiras de turquesa recondicionada para um casal de tibetanos que tinha uma lojinha de bijouterias.

Na manhã seguinte nós acordamos e fomos tomar o café da manhã pois estava incluído na diária do Green Tara Hotel. Nos sentamos e notamos que a toalha da mesa estava suja. Na noite anterior nós tínhamos visto uma mulher, que parecia ser do hotel, comendo com as crianças. Talvez fosse a esposa e filhos do senhor da recepção.

Foto do restaurante, extraida do site do hotel.

Trocamos de mesa e a toalha estava pior, demos uma olhada geral e percebemos que era tudo muito sujo. Quando o dono do hotel percebeu o nosso movimento, veio correndo e inventou uma desculpa sobre as toalhas e perguntou o que nós queríamos comer. Nós não estávamos mais com vontade de comer ali, mas ele insistiu, disse que o café era ótimo. Nos mostrou os cardápios e escolhemos: cheese toast, iogurte com granola e chá de ervas.

Eu estava sentada de frente para o balcão do salão de almoço e vi uma menina pegar o pão. Era um pão de forma bem grosso. Depois eu a vi vasculhando geladeira então ela voltou para cozinha. Em seguida voltou para olhar a geladeira e retornou a cozinha. Eu ouvi ela falando com alguém esse alguém disse algo que eu não entendi porque eu não entendo a língua deles e então ela veio até a geladeira mais uma vez pegou um saco de leite.


Quando nossa comida chegou nos entreolhamos assustadas. Eram duas fatiadas de um pão de forma muito grosso com queijo ralado derretido por cima. O pão nem estava tostado a ainda veio o chá e um pote com uma meleca esquisita. Remexemos e deduzimos ser leite misturado com corn flakes ou alguma coisa desse tipo. Queriam que acreditássemos que fosse iogurte com granola. A aparência era nojenta porque elas colocaram o cereal no leite muito antes de nos servir, misturaram bem para que não percebêssemos que era leite e depois foram fazer as “torradas”. Não deu para comer ali, era tudo muito nojento e quando fizemos menção de levantar da mesa, a moça veio perguntar porque estávamos saindo sem comer. Nós dissemos que a comida era “disgusting”, que não era cheese toast, que não era iogurte com granola e o Mr Giri, que não sei se era o dono ou gerente do hotel, chegou perguntando se havia problemas.

Ao invés de nos deixar em paz ele começou a defender o restaurante dele: disse que o iogurte deles era mais ralo, que aquele pão com queijo ralado era o cheese toast nepalês e que nem precisávamos pagar. Nós ficamos perplexas porque o café da manhã estava incluso no preço da diária do hotel e argumentamos sobre esse fato. Ele, bem contrariado e disse que iria averiguar se o breakfast estava

mesmo incluso. Aproveitamos para dizer que iríamos embora do hotel e então o homem surtou.

Ele se transformou e disse que não podíamos sair do hotel. Falou que tínhamos reservado vários dias e portanto ele recusara outros hóspedes e grupos, só para nos hospedar. Nós tínhamos visto vários quartos vazios no hotel, alias éramos poucos hospedes ali.

Ele foi ficando mais nervoso quando minha irmã disse que os argumentos dele eram fracos e que o hotel era sujo, e que queríamos ir embora. Mr Giri começou a se descontrolar e disse que tinha recusado excursões de 20 pessoas, excursões de turistas americanos tudo por culpa nossa porque nós estávamos ocupando um quarto. Minha Irmã comentou que suas declarações não tinham fundamento, como é que um quarto duplo iria atrapalhar um grupo de 20. Nessa altura já tínhamos ido para a recepção e haviam dois homens sentados no sofá, com certeza amigos dele, que estavam perplexos e sem ação. Eles ouviam, não diziam nada, não se mexiam, não riam e estavam com os olhos arregalados.

O dono ou gerente, até hoje não sei o que ele era, saiu detrás do balcão e fez um gesto que eu entendi como ameaça física e então a Roberta disse que iria chamar a policia, pois ele não tinha o direito de nos prender lá e nem de nos ameaçar e etc, etc, etc. Ficamos com medo mas sabíamos que era hora de ir e minha irmã disse para eu subir, pegar as mochilas. O fiz rapidamente, ela tirou dinheiro da carteira e jogou no balcão, pagou um pouco mais que uma diária e deixamos e homem descontrolado tenho uma sincope. Ele gritava e chorava ao mesmo tempo.

O Kumari Lodge era perto, como já mencionei, e fomos a pé. Ao chegar a dona nos recebeu e mostrou o quarto que estava impecavelmente limpo. Depois falou que se quiséssemos tomar café da manhã lá, poderíamos faze-lo no refeitório que ficava no fundo do corredor. Mas acabamos nunca comendo lá.

O hotel era familiar, com crianças, e muita alegria. sempre que chegávamos ou saímos haviam crianças brincando. Os donos eram simpáticos e solícitos, o hotel era silencioso e limpo e até indicamos para o Greg e para o Bart que depois do Butão iriam para Pokhara. Eles adoraram.

Depois de alojadas, tomamos banho e fomos tomar café ali perto. Nós conseguimos um lugar bem agradável, na LakeSide Road, que tinha duas mesinhas numa micro varanda na porta de um Hotel ou Guesthouse.

As torradas eram iguais as que Mister Giri tinha nos servido anteriormente, porém, eram mais tostadas. O pão é que era grosso, massudo e seco. Nós pedimos iogurte com frutas, torradas e chá. Nós comemos bem e depois fomos dar um passeio pela avenida, seguimos mais em frente, vimos grandes hotéis, restaurantes transados, outros metidos a lounge e etc. Pokhara é uma cidade de veraneio bem ocidentalizada e preparada para receber turistas americanos.

Compramos sorvete em um mini mercado e acabamos no lago e fomos para o local de onde partem os barcos e aconteceu algo bem estranho conosco.

Fewa Lake

Resolvemos fazer um passeio pelo lago, já que é uma coisa bem turística em Pokhara, porém não conseguimos. Os nepaleses são tão malandros, para não dizer outra coisa, quanto os indianos. Eles têm dezenas de barcos ancorados que levam turistas a passeios, ou fazem a travessia de locais.

Eles nos disseram que não poderíamos ir nos barcos dos locais, pois era para travessia deles, porém vimos turistas indianos, do Sri Lanka, de Bangladesh, enfim, asiáticos, entrarem nesses barcos que eram maiores, tinham assentos e pareciam melhores.

Os barcos de turistas eram do tipo barco a remo pequeno mas com motor. Eu me sentiria mais segura num barco dos locais cujo preço se eu não me engano eram 20 rúpias nepalesas. Os barcos menores para turistas custavam cerca de 400 rúpias ou 500 e se você converter esse valor nem é tão caro, mas o modo como corre solta a corrupção é muito ultrajante.

Eu falei que tinha medo de ir no barco pequeno e dissemos que pagaríamos mais para ir no barco maior. Eles nos deram salva-vidas imundos e nojentos, pelos quais pagamos um valor extra, e pensamos que eles tinham concordado com a nossa ideia de ir no barco dos locais, então entramos e tomamos assento. De repente, 4, 5,6,7,8 homens nepaleses e indianos vieram nos tirar da embarcação. Reclamavam, e falavam, e gritavam, e discutiam entre si, com aquele que nos tinha deixado entrar na embarcação e diziam que tínhamos que ir no outro barco e que não era possível ir no barco dos locais.

Foi uma confusão e ficou notória a corrupção que existe ali porque o que eles querem é tirar o sangue do turista. Queriam que pagássemos por um barco exclusivamente para nós e o preço seria bem alto. Foram super grossos, invasivos e começamos a ficar com medo. Desistimos do passeio, com todos eles vindo atrás de nós falando e gritando; pedimos nosso dinheiro de volta, devolvemos os coletes e fomos embora seguidas por uma horda de outros barqueiros tentando nos vender o passeio, mas como nós já estávamos irritadas, declinamos de todos os convites e de todas as ofertas.

Tanto na Índia quanto no Nepal, esse tipo de agente de viagem, pessoas que vendem passeios, passagens e excursões, tem o costume de tratar o turista muito mal, e até com agressividade, quando notam que os turistas perceberam o quanto eles estão roubando ou enganando.



Nós saímos de lá, fomos dar um outro passeio pelas margens do lago e chegamos num grande restaurante que tinha jardins muito bonitos, com quiosques, recantos, bancos, cadeiras reclináveis e que se chamava Fewa Paradise Restaurant and Bar. Nós ficamos lá por muito tempo, observando o lago, as montanhas, as nuvens, a natureza, lagartos, pássaros e comemos ali mesmo. Saímos pelos fundos, ou outra entrada, que dava na Lakeside.

Fizemos compras em uma loja que vende produtos feitos pelas mulheres nepalesas cujos rendimentos são para crianças abandonadas ou famílias necessitadas e depois fomos até a agencia que vende os voos para os Himalaias, ou melhor, voos sobre a cadeia do Anapurna.

Eu nunca pensei em fazer algo assim, mas a Roberta sim. Eu não lembro bem o preço, mas eu acho que eram uns $300 dólares ou um pouco mais. Um dos rapazes que nos atendeu disse que ela não iria ver muita coisa porque era uma época péssima para voar,

Voavam porque as pessoas queriam voar, mas preferiam os dias menos nublados. Ele comentou conosco que uma simples observação do céu, das montanhas e das nuvens dali de onde estávamos, deixava bem claro que não eram dias bons para voar pois todas as manhãs o céu amanhecia completamente fechado e era muito difícil ver a cadeia do Annapurna.

Mascote do AviaClub

Ele foi super sincero, disse para Roberta que ela poderia voar e que não haveria perigo porque ele só escolhia dias amenos e propícios, porém ela não iria ver nada além das nuvens, então ela desistiu. Na verdade, ela não desistiu na hora, disse que iria pensar, pois afinal nós ainda tínhamos alguns dias em Pokhara.

E todos os dias passávamos na porta da agencia e no fim não aconteceu, assim como não acontecia a possibilidade de vermos o Annapurna e o Machhapuchhre, que é pico mais pontudo da cadeia de montanhas nevadas.

Toda manhã quando nós acordávamos, tentávamos ver o Machhapuchhre subindo ao rooftop do hotel mas víamos apenas nuvens baixas encobrindo a cordilheira.

No primeiro dia no Kumari Lodge, conhecemos a Jane, uma moça misteriosa que bateu na porta do nosso quarto. O quarto dela era ao lado e ela disse que notou o barulho no banheiro e viu que haviam hospedes. Ela se apresentou como inglesa, mas falava português, inglês, francês, espanhol. Dizia que não tinha mais pátria porque morava em muitos lugares. Tinha morado em várias cidades da Índia, agora estava no Nepal.

Não deixava claro se ela era inglesa ou se eram os pais, tinha um sotaque confuso, mas dava para perceber que inglesa nata não era. Perguntamos qual passaporte usava e ela disse que tinha muitos.

Tinha morado no Brasil, em algum pais da América do Sul, enfim, jamais descobrimos qual sua nacionalidade. Com um pé atrás, ficamos colegas dela e chegamos a sair com ela para ir a um restaurante coreano devido a tanta insistência.

Ela parecia legal, mas bem poderia ser uma golpista. Quando fomos ao restaurante com ela, foi porque eu estava muito doente e o dono do restaurante era médico, segundo ela. Jane dizia que fazia um curso com ele. Ela era bem convincente, porém não confiamos completamente nela. Como eu estava sempre passando mal, ela se mostrava solicita, me emprestou um remédio de ervas para curar a dor de cabeça e disse que o Dr Coreano nada cobraria. Ele me examinou, disse que era problema estomacal, algo como uma gastrite, que tinha que tomar muito liquido quente e fez acupuntura e acupressura. Uau! Doeu tanto, eu fiquei com medo de que ele me quebrasse. Ele também apertou uns pontos na Roberta que ficaram roxos por semanas.

O restaurante dele era de comida coreana e se chamava Honey Moon Gardens. Eu não me arrisquei e comi sushi vegetarianos com shoyo. A Roberta comeu um prato indicado por Jane e tinha um cheiro muito enjoativo e a Roberta detestou.

A Jane queria ser nossa amiga, insistiu para passarmos a tarde com ela, porém era uma pessoa muito estranha. Talvez traficante, foragida, ou golpista mas conosco nada conseguiu. Viu que não tínhamos gostado da comida, e do restaurante, que era muito caído e mais tarde nos levou ao AM PM Organic Café, que foi uma dica maravilhosa. Como não demos muita confiança, ela logo percebeu a distancia e dispersou. Os dois primeiros dias foi meio pegajosa, mas depois desapareceu. Nessas viagens você pode cruzar muitas pessoas assim.

Quando fomos para Rishikesh, conhecemos um homem que se hospedava no mesmo hotel, cujo quarto era na frente ao nosso e também era bem esquisito, misterioso. Não falava de onde era, não se abria, tinha um jipe e dizia que viajava pela Índia há anos fazendo comércio. Morara muito tempo em Goa e ele era um hippie velho com mais de 60 anos.

Pokhara foi meio decepcionante para mim, eu vi muitas fotos daquele lago maravilhoso com as montanhas, a Cordilheira do Annapurna e parecia ser um local interiorano, bucólico, calmo e sossegado, mas na realidade não é nada disso. É um local turístico ocidentalizado, com muitos hotéis e restaurantes para turistas que poucos nepaleses podem frequentar, inclusive tem uns bem metidos que chegam a ser espertinhos. Fomos jantar um desses locais modernosos cheio de jovens turistas com música internacional, o The Maya Pub & Restaurant, e pedimos uma pizza para Roberta e eu uma salada de frutas para mim, porque eu não estava bem do estômago desde que eu desci do ônibus na cidade pois a estrada para Pokhara era uma subida em zig zag e isso me deixou bem enjoada.

A minha salada de frutas veio em um prato fundo daqueles ara servir duas colheres de risoto ou um pouquinho de macarrão em restaurante Gourmet e tinha apenas melancia, banana e maçã. O preço era absurdo. Dava para comprar um quilo de maçã, outro de laranja, mais uma dúzia de bananas e ainda uma melancia inteira. Como a Roberta tinha recebido a pizza antes e começara a comer ficamos lá, mas eu devolvi a salada e falei que aquilo não era uma salada de frutas em lugar algum do mundo. Ele disse que só tinham essas frutas, pois eram as da estação. Disse a ele que fosse comprar dos vendedores de sucos a beira do lago pois todos eles tinham uma infinidade de frutas da estação nas suas barracas. Deixei claro que achei a atitude bem malandra, mau caráter mesmo mas tentaram nos fazer pagar. Quando pedimos a conta, vimos na nota o valor da salada de frutas, mas nós descontamos a soma e deixamos o dinheiro lá na mesa.

Ao longo de nossa estadia na cidade, fomos notando que o restaurante estava sempre vazio, talvez as pessoas que fossem uma vez não voltassem o que não acontecia com AM PM Organic Café, que estava sempre lotado.


No outro dia visitamos World Peace Pagoda, que fica no alto de uma colina aos pés do Fewa Lake e é um templo em forma de Stupa que foi idealizado segundo preceitos de um monge da Ordem Budista Nipponzan-Myōhōji. Passeio ao Pagode é muito popular e o Pagode fica a cerca de mil metros de altitude. Lá de cima dá para ver os Picos do Himalaias e a montanha Sarangkot.

Pode-se alcançar o pagode indo de táxi até determinado ponto e depois tem que caminhar bastante até alcançar o topo da montanha. Algumas pessoas fazem a caminhada desde a orla do lago, o que não é muito recomendável se a pessoa estiver só, pois existem relatos de assaltos e de outros problemas.

O World Peace Pagode foi inaugurado em 1999, está a 1100 metros de altitude e é o primeiro Pagode da Paz construído no Nepal. É um ótimo lugar para observar o nascer e pôr do sol e durante o trajeto você vai passando por algumas casas, edificações, centro de meditação e etc. Muitas pessoas moram ali.

Nós fomos de táxi, até o inicio da escadaria. Muitos carros e taxis estacionam ali e ainda é possível combinar com o motorista um preço fechado de ida e volta o que fica mais em conta.

A subida é tranquila, feita por escadarias, lances grandes e pequenos, disformes. Existem trechos planos, trechos em ziguezague e infelizmente eu não me lembro do número de degraus mas garanto que são mais de 200. Eu contei na volta, mas não recordo se anotei e se anotei não me lembro onde.

Também não sei se eu entrei no templo. Eu recordo de ter tirado os sapatos, mas também lembro de ter ficado sentada a sombra, com enjoos, por um longo tempo. Ficamos um bom tempo lá encima observando a bela paisagem. Ao voltarmos, descendo os mesmos mais de 200 (?) degraus compramos mexericas de algumas meninas que teimavam que eram “oranges”.

AM PM Organic Cafe

Quando a Jane nos apresentou o A M P M Organic Café, amamos e acabávamos indo lá todos os dias porque a cada nova tentativa de comer em outro lugar nunca era tão bom. O AM PM era dirigido por David Singh, e ele sempre estava no café. O local era bonito, aconchegante, com funcionários super simpáticos, o preço era bom e a comida excelente. Apesar de não servirem pratos tradicionais como o Dal Bhat, ou comida chinesa, indiana ou tibetana, havia muito sanduíches gostosos. A maioria servida aberta em pratos muito bem servidos. O dono estava sempre lá e era nepalês de origem indiana, ele dizia que os produtos que vendia eram orgânicos cultivados em fazendas próximas e sem químicos, sem conservantes. As saladas e frutas eram lavadas com água mineral. Todos os sucos eram naturais e eram muito bons. Era possível tomar vinho de várias regiões inclusive franceses e chilenos.

Um outro bom lugar para se comer era o restaurante tibetano chamado Potala, que ficava segundo andar de um prédio no Mini Mercado Tibetano na LakeSide Road. O Potala se orgulha de fazer melhor momo de Pokhara e realmente é muito bom.

Os outros poucos restaurantes que fomos em Pokhara, praticamente não lembro dos nomes porque sei mais ou menos a localização, mas não consigo conferir no Google Maps, que não tem streetview na Índia ou no Nepal. Logo, mesmo sabendo onde fica o café onde tomávamos o desjejum todos os dias, não posso indicá-lo aqui.

Comemos uma vez no Olive Café, também no Caffe Concerto e compramos pães e queijos de Yak num mercadinho para comer fora de hora. Aliás, o número de mercadinhos em lojas de conveniência em Pokhara é grande, portanto ninguém fica desprovido. Também vimos muitas lojas com produtos para quem vai fazer trilhas.

Foto que peguei na Internet

Não posso encerrar esse post sem mencionar a Women’s Skills Development Organization (WSDO) que, como diz o nome, é uma organização para o desenvolvimento das mulheres do Nepal. Existe desde 1975 e é uma entidade sem fins lucrativos que gera renda para mulheres economicamente desfavorecidas, deficientes, abusadas, viúvas, divorciadas, solteiras que foram discriminadas pela família, enfim, mulheres carentes e sofridas. A entidade foi oficialmente reconhecida em 1994 e todas as mulheres que chegam à organização aprendem corte e costura, tecelagem, tingimento, enfim, uma porção de atividades que incluem ainda gerenciamento de negócios e assim elas conseguem ter uma vida digna.

A maioria dos produtos vendidos é de tecelagem e tricô. São maravilhosos, diferentes e exclusivos. Nós compramos bolsas, carteiras de documentos e Yetis, o abominável homem das neves do Himalaia. Na loja vendem muitos bonequinhos tricotados, bolsas de todos os tipos, porta-documentos, chaveiros e recomendo uma visita a essa loja e a gastar dinheiro lá ao invés de gastar dinheiro com outro tipo de artesanato que na verdade é fabricado na China como camisetas, bolsas impressas com imagens dos Himalaias e etc.

E para terminar esse post há que falar dos passeios mais populares de Pokhara, e um deles é o pôr do sol em Sarangkot. Eu não o fiz porque estava doente, impossibilitada, mas vale a pena. Vi fotos. Uma viagem de duas horas e meia até lá. Vale a pena, pois dizem que a visão dos Himalaias, da cadeia do Annapurna, é inesquecível e para quem não pode pagar um ultralight, essa é a melhor opção.

Por fim, quero dizer que o passeio de barco é obrigatório. Nós não o fizemos, pois eu não tive a sorte de estar preparada para ser esfolada pelos barqueiros, pois, como eu já disse, tem que se chegar ali no cais com tudo preparado para ser tratado como turista disposto a ser esfolado; Pokhara também é conhecida pelos esportes aquáticos, muita gente leva caiaque para lá.

Eu acho que eu voltaria a Pokhara somente se fosse para ficar lá como se estivesse numa praia aqui no Brasil, sem muito compromisso e em férias. Reservaria um hotelzinho bacana como Kumari Lodge, ou quem sabe algum resort, e faria passeios de barco e ficaria na beira do lago no Fewa Paradise Restaurant tomando drinks e comendo snacks, ou tomando cappuccino no AMPM.

O que eu quero dizer com isso é que a cidade de Pokhara é um lugar agradável, até diria descolada, mas não é para quem quer uma coisa típica de raiz, folclórica, porque o local é muito ocidentalizado e, como já mencionei, me decepcionei porque eu via fotos do lago azul maravilhoso e um vasto verde em seu entorno, com alguns poucos edifícios e quando eu cheguei lá eu descobri que era diferente. Na livraria da Lakeside, comprei um cartão postal e o vendedor me disse que a foto era de mais de 20 anos. Comentei que todas as fotos eram diferentes da realidade, e ele disse que todas eram muito antigas. Há, desde a Lakeside Road, uma parte murada que pertence ao exército, na parte mais turística, onde ficam os hotéis mais caros, os resorts.

Nossa estadia em Pokhara de fato teve o clima de férias, porque nós não fizemos muitos passeios e maratonas turísticas. Tudo porque eu estava muito mal e a Roberta ficou muito preocupada comigo. Tinha dias que eu não queria nem levantar da cama, tamanho era o meu enjoo, tontura, dor de cabeça, dor e inchaço nas pernas. Ficar em pé por muito tempo era ruim, doía. O melhor jeito era caminhando ou deitada. Eu dizia para Roberta ir passear, ver alguma coisa mas ela ficava preocupada comigo. Tudo que eu queria era ficar dormindo.

Quando nós fomos comprar passagem em Katmandu com destino Pokhara, o rapaz da agência disse que era muito fácil encontrar a passagem de volta lá, bastava irmos ao escritório deles em Pokhara e realmente foi fácil, tanto que eu nem me lembro quando e como nós compramos. Esse evento se apagou da minha memória.

Na data prevista da volta para capital do Nepal a dona do hotel chamou o carro que nos levou a parada de ônibus. Não posso dizer que era uma estação rodoviária pois tratava-se de um pátio, um estacionamento horroroso de terra batida no meio do nada. Achei um lugar bem mequetrefe com muita poeira, sujeira, mesas de plástico quebradas e sujas, simplesmente um lixo com uma porção de cachorros de rua implorando por migalhas. Nós ficamos esperando lá, assim como outros turistas até a hora da partida do ônibus. Durante o trajeto deu para ver arquitetura típica nepalesa muito singular. Paramos para comer e ir ao banheiro, no mesmo local da parada da ida e chegamos em Katmandu a tarde.

Essa história vai para outro post que merece ser escrito porque a curta volta Katmandu foi inusitada.

Serviço:

Kumari Lodge

57 Ammat st, Lakeside 32700

Pokhara

Telefone: +977 61-464384

AM PM Organic Café

Lakeside, sheevamarg (15.101,77 km) - 33700 Pokhara - +977 61-466339

www.ampmorganiccafe.com

Horário: 07:00 às 21:00

Potala Tibetan Restaurant  

Lakeside-6 Pokhara

Dentro do Tibetan Mini Market on 2nd Floor, Pokhara 33700, Nepal

Telefone: +977 984-6059085

Fecha às 23:00

Caffe Concerto Pizzeria

Lakeside Road, quase esquina com a Durbar Marg

+977 61-463529

Abre às 07:00

Fewa Paradise Restaurant and Bar

Lakeside | Baidam--6, Pokhara 33411, Nepal

+977 61-462813

Woman Skill Developmente Organization

Lake side Pokhara, Pokhara 33700, Nepal

Horário: Fecha às 21:00

Telefone: +977 61-534025

wsdonepal@gmail.com

https://wsdonepal.com/

World Peace Pagoda

Gorakhnath marg

Himalaya View Point, Pokhara 33411, Nepal

Avia Club Nepal

Pokhara Airport, Lakeside, Pokhara 33411, Nepal

+977 61-462192


Pokhara Lakeside Office Lakeside, Pokhara, Nepal Tel: +977-061-463338

Site: http://aviaclubnepal.com/

Email: info@aviaclubnepal.com


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