Swayanbhu ou "O Templo dos Macacos"
- Admin
- 29 de out. de 2014
- 9 min de leitura
Atualizado: 10 de fev. de 2023

Swayambhunath (em devanágari: स्वयम्भूनाथ स्तुप), é um complexo religioso budista situado no topo de uma alta colina no vale de Katmandu. Também é conhecido como Templo dos Macacos devido à existência de uma colônia de macacos considerados sagrados que vivem na parte noroeste do complexo. O nome tibetano Phags pa Shing kun significa "Árvores Sublimes", uma alusão às muitas variedades de árvores que se encontram na colina. (fonte: wikipedia)
No café da manhã, o nosso amigo Greg, nos disse que visitar a Swayanbhu era um passeio imperdível. Ele tinha ido no dia anterior e falou que voltaria com o seu amigo Bart. Mostrou algumas fotos e resolvemos ir naquele mesmo dia depois do almoço. Na realidade, pela manhã fomos a Patan (vide post sobre Patan) e ao voltarmos para Thamel, de taxi, paramos para almoçar no Mitho Restaurante. Dessa vez escolhemos o Cashmere Rice, com os bolinhos de brinjel (berinjela) com um delicioso molho de tomate e leite de cajú com cúrcuma.
Voltamos ao hotel e o Greg foi descansar enquanto nós demos um tempinho, olhamos e-mails e então fomos para Swayanbhu.
Greg nos ensinou um caminho direto, via Amar Chitrakar Marg, e ele nos disse que demorava uns 30 minutos para chegar até o templo. Demos uma olhada no mapa e vimos que não era tão longe, praticamente uma reta, com subidas, descidas e inesperados pequenos monumentos no caminho. Katmandu é realmente um Museu a Céu aberto. Em qualquer parte central da cidade, você se depara com estátuas ou prédios tão antigos que nem dá para ter ideia de década são.

O caminho era feio, pobre, mas os cidadãos estavam acostumados com turistas, muitos fazem essa peregrinação. Encontramos estrangeiros, monges e fomos curtindo o passeio. Uma curiosidade de Katmandu é a quantidade de cães de rua. Cães e gatos também, mas o cães se vê com mais frequência. Estão largados na rua, num verdadeiro “cachorrodromo”, nos templos e até nos lugares mais inusitados.
A miséria do povo é visível, eu creio que são muito mais pobres do que os Indianos. Como Katmandu é uma capital, fica difícil imaginar como seriam as cidades “pobres” do país. O governo é muito corrupto.
Conversando sobre politica com Greg, ele nos fez lembrar do massacre da família real em 2001 quando o príncipe herdeiro do Nepal, Dipendra, matou o rei, a rainha e outros membros da família real, num total de 11 pessoas, antes de se suicidar.
Na época a história pareceu bem mal contada, e nunca foi totalmente esclarecida, pois quem fez o anuncio da tragédia tinha sido o ministro do Interior, Chandra Poudel. Comentaram que o principe chegara a esse extremo depois de brigar com a mãe que desaprovava a noiva escolhida por ele. Alguns se perguntavam por que então teria ele se suicidado?
Poderia ter simulado tudo e ficado no poder. Enfim, muitos achavam que o ministro do interior era o causador de tudo, outros falavam que o irmão do rei, o príncipe Gyanendra, que não se encontrava na capital no momento do massacre, era o mandante.
Verdade ou não Gyanendra Bir Bikram Shah Dev, irmão do rei assassinado, acabou subindo ao trono e será sempre lembrado como o último rei do Nepal. Ele assumiu o trono pouco tempo depois das mortes de seus parentes e ficou no trono até 28 de maio de 2008, quando a monarquia foi extinta.
Já havia muita guerrilha no país nessa época, porque a monarquia levava o povo a pobreza. As milícias atuavam especialmente no interior e na selva. Nos anos 90 havia surgido no Nepal uma linha maoísta que tinha o objetivo de depor a monarquia secular e acabar com a desigualdade de todos os tipos, a começar pelas etnias e castas, prometendo acabar com a miséria e pobreza. Porém como toda revolução é sanguinária, muitos inocentes foram massacrados e os maoístas chegaram a um acordo quando a ONU conseguiu intervir e tentou transformar o Nepal em uma república democrática.
Os revolucionários aceitaram ajudar a tornar o país uma democracia multipartidária. Houve eleições foi formado um governo de transição e uma assembleia que elaboraria uma nova Constituição para o país. Em seguida, no ano de 2008, a monarquia secular do Nepal foi oficialmente abolida e um novo governo então votou a favor de tornar o Nepal uma república democrática.
Contudo os problemas só haviam começado. Os maoístas tornaram-se o exercito do país e uma sucessão de partidos políticos que não se entendiam foi aparecendo. Os constituintes não se entendiam e assim governos eram eleitos e em seguida caiam. Greves e turbulência politica deixaram o pais em crise e a pobreza e a corrupção se alastraram tornando o país miserável.
Em 2007, Nepal estava sob uma Constituição Provisória que previa a elaboração de uma constituição definitiva até 2010, o que não ocorreu por divergências politicas entre os partidos. Em 2011 a Suprema Corte, dissolveu a Assembleia Constituinte e decretou novas eleições. Em 2013, formou-se a Segunda Assembleia Constituinte, que se comprometeu a elaborar uma nova Constituição no prazo de um ano, o que não aconteceu. Somente em 2015 foi promulgada a atual constituição do país e, atualmente, o Nepal tenta ser uma democracia representativa com sete províncias federais.

As fotos acima retratam o caminho, um mini templo para Ganesh com dois Mushicas de bronze e um dos budas que estão perfilados quando chegamos aos pés da colina.
Continuando nossa caminhada, passamos por lojas populares, bares, restaurantes, e depois de passamos por uma ponte sobre um rio muito sujo de água fétida, como todos os que vimos no Nepal, começamos a avistar macacos andando nos fios elétricos e nos telhados e assim fomos nos dando conta de que estávamos chegando.
A caminhada foi mais longa do que imaginávamos, mas bem agradável. Ao chegar ao santuário, a primeira coisa que chamou a nossa a atenção foram os macacos e então as enormes estártuas dos budas coloridos perfilados, uma centena de mínis estupas e no meio daquilo tudo uma infindável escadaria muito ingreme de uns 1000 degraus.

Eles colocam o guichê para você pagar o ticket lá em cima porque se fosse lá embaixo muitos desistiriam. Depois que uma pessoa sobre todos aqueles degraus não vai deixar de seguir mais uns 20 degraus para chegar perto da grande estupa e de mais uma centena de minis estupas, budas, lojas, museu e templos. Tem isso tudo lá encima, depois dos 1000 degraus, que na realidade dizem ser 365. Eu achei que era muito mais.
Minha irmã, quando chegou lá encima, acabou brigando com a mal educada cobradora de ingresso, porque nós paramos para descansar e a mulher começou a cobrar e a falar sem parar. Dizia que não podíamos parar, começamos a discutir e todo mundo ficou olhando.
Aconselho levar água, porque lá encima o preço é extorsivo, alias tudo que se vende lá encima é extorsivo. A subida é bem forte, mas existe a possibilidade de ir de carro, descobrimos isso conversando com Mr Karma, proprietário do hotel Ganesh Himal, onde estávamos hospedadas. Ele contou que há uma estrada que fica na parte sul e assim é possível chegar lá no topo da montanha de carro. Obvio porque se não fosse assim como as lojas e restaurantes seriam abastecidos com tudo o que uma cidade precisa para sobreviver?

Vale a pena subir as escadas e contemplar a beleza da vista, embora esteja sempre nublada por causa da poluição na cidade que provoca uma névoa eterna em Katmandu. A noite a visão do topo da colina com a stupa iluminada é maravilhosa. Na realidade, nós não fomos a noite, mas o Greg e o Bart foram e nos mostraram fotos.
Vale a pena voltar de carro, em outro dia, a noite e dá até apara jantar lá pois o local é bem maior do que aparenta.
A Stupa é enorme, mas há outros sitios bem interessantes, muita estatuas budistas, lojas, casas, pequenas estupas, budas, cães, templos, santuários, vendedores, mercearias, cafés e macacos, é claro. Tenha atenção com os macacos, porque estão acostumados com humanos e querem interagir, mas são animais e também gostam de roubar comida e objetos brilhantes. Evite levar qualquer coisa em sacolas plásticas porque ele roubarão na certa. Tenha também cuidado com os preços das lembrancinhas, sobem muito também.
Os pontos altos da visita são o gigantesco Vajra (que você logo vê ao chegar ao topo da escada) que fica sobre um pedestal com animais esculpidos. Em seguida, se avista a esplendorosa Stupa que dizem ter sido parcialmente destruída pelos mongóis no século 14 que buscavam ouro.
É uma visão deslumbrante, é muito bonita, e fica difícil arrumar um angulo para uma foto capaz de retratar toda sua beleza. Os olhos de Buda estão representados nas quatro faces da torre. Em torno do stupa estão simbolos emblemáticos. O primeiro elemento está localizado à esquerda quando se está de frente para a estupa, Vasupura (terra). Os outros símbolos são: Vayupura (ar), Nagpur (água), Agnipura (fogo), e Shantipura (céu), cujo edifício bem danificado fica quase na saída do complexo.

Há ainda um monastério e um museu atrás da stupa, O museu abriga uma pequena coleção de estátuas budistas e encontrados ao redor do stupa ao longo dos anos. Entramos no museu, na parte do monasterios onde é permitido, e onde há um altar, e depois visitamos o Templo Hariti que parece ter sido feito com tijolos de ouro. Mais tarde eu li que é um dos mais populares de Kathmandu e muitas vezes está lotado de cidadãos locais porque Hariti é uma deusa que traz a doença da varíola e a cura também.

Atrás do templo Hariti Ajima, e à esquerda há um chaitya, que é uma espécie de salão (este a céu aberto) de oração. Um chaitya tem pilares ou stupas menores, enfileiradas e são uma passagem, ou ficam num local que conduz a uma Stupa.

Passando por esse chaitya, nos deparamos com um nicho tijolo vermelho com uma estátua do Buda em pé esculpida em um único pedaço de pedra negra que se estima datar do século sete. Depois ainda há um templo branco chamado de Templo Pratappur, que já foi reconstruído várias vezes e o templo oposto a ele, o Anantapur, foi destruído no terremoto de 2015. Nós o vimos e fotografamos. Não sei como está hoje, mas da forma como eles são, creio que já devem estar reconstruindo.

O passeio é muito bacana, vale a pena, porém é triste perceber que os nepaleses não tem muita noção do patrimônio que tem em mãos. O local é super mal cuidado e há muita sujeira deixada por turistas locais e pelos comerciantes. Passamos boa parte da tarde lá e descemos quando estava entardecendo. Na hora de partir, os macacos parecem ter percebido que muitos turistas resolveram descer, e bloquearam as escadas. Aproveitamos para fotografar e os macacos aproveitaram para brincar entre eles mesmos e com os turistas. Lembro-me de um que foi mexer no cabelo de uma estrangeira. Teve muita gente que ficou com receio por que além de roubar, os macacos atacam quando se sentem ameaçados e eles podem sentir ameaça facilmente, como, por exemplo, se um humano se aproxima de um filhote mesmo que a pessoa nem tenha percebido a presença do macaquinho.
Este é um local sagrado para os Nepaleses e para os Tibetanos que ali habitam. Muitos monges fazem peregrinação a colina que é, para os tibetanos, tão importante quanto Lumbini e Boudhanath. Muita da iconografia de Swayambhunath tem origem na tradição Vajrayana do budismo. No entanto, o complexo é um sítio importante para budistas de muitas escolas e é também reverenciado por hindus.

Googlando, li essa parte sobre Mitologia e achei interessante colocar aqui:
Segundo o “Swayambhu Purana”, todo o vale de Catmandu esteve em tempos coberto por um enorme lago, no qual nasceu um lótus. O vale tornou-se conhecido como Swayambhu, que significa "que se criou a ele próprio". O nome tem origem numa chama eterna (svyaṃbhu) sobre a qual foi construída depois uma stupa.
Segundo uma outra versão da lenda, quando o lago desapareceu, o lótus transformou-se na colina de Swayambhu, que significa "se elevou sozinha". Estudos geológicos modernos confirmam que outrora o vale foi realmente coberto por um lago.
Outra variante da lenda envolve Manjusri, o bodisatva da sabedoria e ensino, que teve uma visão do lótus em Swayambhu e viajou para lá para o adorar. Vendo que o vale podia ser um bom local para habitar e para tornar o local mais acessível a peregrinos humanos, Manjusri fez com que a água escoasse do lago, dando lugar ao vale onde se encontra atualmente Katmandu. O lótus foi transformado numa colina e a flor tornou-se a estupa de Swayambhunath. O local é também conhecido como o Templo do Macaco porque na parte noroeste do complexo vivem macacos. Estes são considerados sagrados porque Manjusri deixou crescer o cabelo enquanto erguia a colina em que o templo se encontra; isso fez com que ficasse com piolhos, que depois se transformaram nos macacos que desde então vivem no templo. (fonte Wikipedia)

“Swayambhu Purana”
O “Swayambhu Purana” (em devanágari: स्वयम्भू पूराण) é um manuscrito budista acerca da origem e desenvolvimento do vale de Katmandu. Fala detalhadamente sobre todos os bodhisatvas que foram a Katmandu e também fornece informações acerca do primeiro e segundo budas no Budismo. (wikipedia)
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