top of page

Aurangabad

  • Foto do escritor: Admin
    Admin
  • 14 de out. de 2014
  • 10 min de leitura

Atualizado: 9 de abr. de 2021


Aurangabad é uma cidade pequena e nada bonita, pelo menos por onde andamos. É confusa, com transito caótico e barulhento como todas as cidades da Índia e passagem obrigatória para quem quer conhecer as Cavernas de Ajanta e Ellora.

Empoeirada e sem graça, não é muito antiga em termos de Índia, foi fundada em 1610, por Malik Amber, o primeiro-ministro de Murtaza Nizam Shah II, mas ficou mais conhecida depois que as cavernas datadas do século II foram redescobertas no início do século XIX.

Os nativos tem orgulho em dizer que a dinastia Satavahana estabeleceu sua capital em Pratishtanapura, hoje conhecido como Paithan e que esse reino era poderoso e extenso cobrindo toda região de Andhra Pradesh e Maharashtra. Eles dizem que também foi nessa época que os viharas (mosteiros), refugio de budistas que sofriam perseguição, foram esculpidos nas cavernas hoje conhecidas como Ajanta, e Ellora.

Aurangabad também é famosa seus portões históricos, construídos como defesa por ter sido uma cidade visada por invasores. Os quatro mais importantes são o Portão de Delhi voltado para o Norte, o Portão de Paithan, no Sul, Portão de Makai (Portão de Meca) voltado para o Leste e o Portão de Khas voltado para o Oeste. Havia 54 portões em Aurangabad, mas restam apenas 13, bem mal preservados. Vimos alguns, mas não saberia dizer quais.

Os nomes deles são: Barapulla Gate, Bhadkal Darwaza, Delhi Gate, Kala Darwaza, Khas Gate, Khizer Gate, Makai Gate, Manju Gate, Mehmood Darwaza, Naubat Darwaza, Paithan Gate, Rangeen Darwaza e Raushan Gate.

Chegamos no final do dia e muito cansadas, apenas comemos no restaurante do hotel e fomos dormir. Na manhã seguinte, lavamos roupas logo pela manhã, tomamos café no hotel e depois resolvemos passear pela cidade. Pegamos um de tutuque e paramos na Nirala Bazar, onde nos disseram que “tinha tudo” pois era a rua principal da cidade. Falaram que era o centro e que tudo o que você quiséssemos comprar haveria ali. Quando chegamos foi um pouco decepcionante, pois esperávamos um centro de cidade, porém era apenas uma rua muito ampla, movimentada, empoeirada e nos demos conta imediatamente que o “grande centro de Aurangabad ia daqui até ali”. Mas uma coisa é verdade, tudo o que você precisa está lá, todo tipo de lojas, comércios, mercados, armazéns, lojas de doces, sorveterias, roupas, sapatos, bancos, escolas, lojas da Vodafone, de informática, e os melhores restaurantes como o Ashoka’s Restaurante e o Smile, altamente recomendados por todas as agencias de turismos e pelo Tripadvisor.

Geralmente almoçávamos por ali e jantávamos no hotel, pois o restaurante do Panchavati Hotel era bom, apesar de confuso, e a noite já não tínhamos mais pique para sair.

Nesse primeiro dia em Aurangabad deu para sentir que a confusão indiana não é privilegio dos grandes centros. O transito era muito mais caótico do que o das outras cidades. Pedimos para o enlouquecido motorista de nosso tutuque nos deixar na Nirela e demos um role geral, fomos nas lojas de chips de telefone, pesquisamos modem 3 g, experimentamos sapatos em outra loja, e acabamos numa farmácia, porque meus pés estavam muito inchados.

Na realidade, estavam inchados desde Mumbai. Piorou em Aurangabad e minha irmã ficou preocupada. Eu achava que era por causa do calor, mas em Aurangabad o calor era mais ameno e na região do nosso hotel tinha muito verde. Era mais fresco.

Farmácia de Aurangabad

A farmácia era muito engraçada. Havia as duas portas grandes, com balcões na frente dessas portas. O paciente pode pedir para um farmacêutico de plantão o examinar e receitar remédios. Isso não é proibido na Índia, aliás é muito comum. Todo farmacêutico indiano tem um pouco de médico. Em Delhi chegamos a ver filas e farmácias e o medico com o estetoscópio apalpando as crianças e idosos.

Nos encostamos no balcão e minha irmã explicou tudo. O senhor pediu para ver meu pé e o coloquei sobre o balcão, ele examinou, disse que eu estava retendo líquidos, mas poderia ser outra coisa. Eu contei que também doía e eu ficava cansada de ficar em pé, sempre que podia era melhor sentar. Parada era ruim, andando ou sentada era bom. Ele então receitou um remédio para desinchar e disse que se não melhorasse eu tinha que ir ao hospital. Minha irmã estava um pouco constipada e também recebeu seu remédio. Compramos ali mesmo e nos sentamos nos bancos para descansar. Atrás dos bancos havia milhares de envelopes e blister de remédios vazios, dava impressão que as pessoas compram os remédios tomam ali mesmo e descartam a embalagem. Uma sujeira incompatível com um local de cura. Dali tentamos entrar num supermercado e o porteiro disse que não podamos porque ia fechar.

Fomos a algumas lojas de doces e compramos confeitos de amêndoas e castanhas, e depois fomos almoçar no Smile, altamente recomendado pelo Mr Ashoka e pelo motorista de Tutuque. Era bom mesmo e estava lotado, com muitos locais visivelmente ricos e abastados.

Na volta, a pé, encontramos alguns candidatos para cargos eletivos da municipalidade. Não entendemos bem que tipo de eleição era e os representantes dos dois partidos estavam lado a lado, em mesas na rua, buscando eleitores. Um rapaz ligado ao primeiro Ministro Modi, Partido do Povo Indiano, que estava bem animado, colocou os lenços com as cores do partido envolta dos nossos pescoços e tiraram vária fotos. A candidata do outro partido era bem pequenina e estava triste, parecia derrotada e pertencia ao Partido do Congresso Indiano, ligado a Indira Gandhi e Sonia Gandhi. Tiramos várias fotos e eles disseram que iria sair no jornal local.

Durante toda essa viagem vimos muitas bandeiras e propagandas da eleição. Quando falávamos com alguém sobre eleições e perguntávamos a respeito do recém eleito, em maio de 2014, Narendra Modi e diziam que tinham esperanças nele e que finalmente os Gandhi e sua trupe corrupta estavam fora do trono. Argumentavam que a família Gandhi e os outros governantes sempre foram de pessoas ricas e que governavam para enriquecer mais, porém agora, Modi, era uma pessoa que vinha do povo. Tinha sido um chai walla (vendedor de chai) de uma estação de trem e isso fazia dele uma promessa. Notamos que a esperança nele era enorme.

Voltamos para o hotel e fui deitar para esticar as pernas depois de tomar o remédio. Mais tarde fomos ao Ashoka’s Travel, agencia de viagens que ficava no estacionamento do hotel, entender como funcionava a internet e aproveitamos para checar e-mails e para investigar sobre os passeios.

Escolhemos ir primeiro para Ajanta (há um post só sobre Ajanta) e Mr Ashoka nos reservou, para a manhã seguinte, um chofer que corria como louco. Ele era simpático, mas pensava que era um piloto de F1. No parque arqueológico pagamos o estacionamento e fomos comprar nossos tickets.

Depois de visitar as 29 cavernas maravilhosas, almoçamos no Ajanta, um restaurante muito ruim e bastante caro para o tipo de comida que servia, e que fica na saída do parque. Minha irmã tinha topado o dedo em algum lugar, ou algo parecido, eu me recordo de algum acidente com ela, por isso resolvemos comer ali mesmo, para ela se restabelecer.

Todos os dias ficávamos muito tempo no escritório da Ashoka tours, porque o Hotel Panchavati, dizia no site, e reafirmou quando fizemos a reserva, que linha wi-fi ou internet, mas não tinha nada disso. A internet era vendida pelo Mr Ashoka, mas ele cobrava bem baratinho. Uma porção de turistas ficava no seu pequeno escritório com tablets, celulares e netbooks, tentando usar a internet. Eu me lembro de uma turista francesa que entrou, pegou a senha, conectou e foi feliz para o hotel. Minutos depois voltou reclamando que não funcionava lá dentro. Mr Ashoka disse que a internet era dele e não do hotel.

Eu e minha irmã chegamos a pensar que ele fosse dono de tudo, pois mandava e desmandava. Ele gostou da gente e fez desconto em tudo, deu dicas valiosas e não cobrava mais pela internet. Eu levei o netbook para trabalhar e ele permitia que eu o colocasse em sua mesa e ficasse o quanto precisasse.

Nós fizemos todos os passeios com a agencia dele e ele fez um preço camarada para nós. Alguns turistas no mesmo hotel fizeram grupos e saiam cedo com vans. Nós preferimos ir sozinhas, num carro AC, e parando onde quiséssemos.

Na manhã seguinte fomos para Ellora (post separado). No caminho para Ellora há outra atração, o Daulatabad Fort, que fica há 7 km de Aurangabad. Fica no alto da colina e no dia em que fomos para Ellora, o motorista disse que o local estava fechado. Também nos contou que era um dos mais antigos fortes existentes em toda Índia e que era bem conservado. Ele tem portões cravados para deter os ataques de elefantes, passagens secretas e fossos de 12 metros de altura, há todo tipo de armadilhas e alguns setores nem podem ser visitados. Nós cogitamos visitar na volta, mas estávamos muito cansadas, anda-se muito em Ellora.

A visitação nas cavernas de Ellora vai das 9 da manhã às 6 da tarde. Os tickets custam 100 rupias para estrangeiros e 10 para locais.

Mr Ashoka disse que se quiséssemos ir, cobraria o carro baratinho e o fez, mas que tínhamos que ir bem cedo, para evitar a multidão, e usando calçado confortável, porque além de termos que andar muito, existia uma subida de 300 degraus. O motorista falou que podia ser nosso guia mas declinamos.

Visitamos Ellora (post a parte), andamos e tiramos tantas fotos que acabou o chip de uma câmera e a bateria da outra câmera. A sorte foi que a minha irmã estava com um Iphone, que tem ótima resolução, senão teríamos perdidos fotos fantásticas.

Retornando ao centro de Aurangabad e ao hotel, nosso amigo motorista de sempre, nos coagiu (de tanto falar e insistir) a visitar a famosa tecelagem conhecida domo fábrica de Himroo.

Situada no portão de Zaffer de Aurangabad é um lugar que as agencias de turismo insistem em te levar, nós sabíamos que era uma roubada, porque esses lugares são turísticos, feitos para turistas, com preços para turistas e sabíamos que não íamos comprar nada lá, mas o motorista que Mr Ashoka designou para nos levar a Ellora acabou parando lá, mesmo conosco dizendo que não, que nada compraríamos e etc. Na realidade ele não nos levou na fabrica e nem na loja oficial e sim num local que tinha o nome Himroo na placa, tentou nos enganar. O lugar era enorme, como todas as "lojas pega turistas", bem decorada, limpa, perfumada e os preços lá nos céus. Olhamos algumas roupas, pedimos pra ver um umbrela dress, pois minha irmã tinha achado bacana e gostaria de comprar, mas quando disseram o preço, fugimos.

No dia seguinte, fomos comprar as passagens de ônibus para Pune, porque Mr Ashoka, disse que não iriamos conseguir passagens de trem agora. O trem demoraria menos, cerca de 7 horas e o ônibus 10 horas. Ele nos aconselhou ir com o famoso Red Bus de Aurangabad, era uma viagem corriqueira e podíamos comprar o bilhete na hora e na estação pois os ônibus saiam de hora em hora. Nós ficamos com o pé atrás e fomos averiguar. Confirmaram e disseram que sempre tinha lugar vago porque era o ponto de partida. Não tinha erro. Tentamos comprar antecipadamente, mas não pudemos e fomos para o hotel desconfiadas. No caminho de ida a estação descobrimos um mercado tibetano, mas estava fechado e não pudemos visitar.

A tarde fizemos o último tour. Fomos fomos visitar outra atração da qual o povo se orgulha, o Bibi-Ka-Maqbara, mais conhecido como o Mini Taj Mahal que fica localizado a cerca de 5 km do centro e foi construído em 1678 pelo filho de Aurangzeb como uma homenagem a sua mãe Begum Rabia Durani. Pode ser visitado diariamente, e pagamos 250 rupias para entrar. Cidadãos indianos pagam 10 rupias.

Não é um Taj Mahal, claro, mas tem seu valor, é bem trabalhado e quando se pensa na intenção do filho em homenagear a mãe se torna mais bonito. Tem riqueza de detalhes, belos entalhes em mármore e as pessoas jogam dinheiro sobre o tumulo, que fica num nível mais baixo. O jardim também é belo e os espelhos d’agua tentam reproduzir os do verdadeiro Taj Mahal.

A seguir, ele nos levou na outra atração do pacote, o Panchakki, a 4 km de Aurangabad, um moinho d’água usado para moagem de grãos, considerado uma maravilha da engenharia do século XVII construído na era pré Mughal. Os indianos pagam cinco rupias e o estrangeiros 100. Para visitar o local. Nós não o visitamos, vimos da porta o grande piscinão, e resolvemos voltar para o hotel porque acabáramos de ver o Mini Taj Mahal, cujo preço achamos extorsivo e estávamos cansadas. Nós conhecíamos o Panchakki de tanto ver as fotos detalhadas do complexo no corredor do hotel, com mapas e explicações de como funcionava o engenho. Ao olhar para dentro do portão tivemos certeza de que não nos arrependeríamos de não visitar. Voltamos para o carro e fomos direto para o hotel.

Faltou visitar o Templo de Ghrishneshwar, a 1 km das cavernas de Ellora, onde está um dos doze Jyotirlingas de Lord Shiva, na Índia. Foi construído por Rani Ahillyabai Holkar, uma princesa Maratha. É o exemplo o mais magnífico da arquitetura medieval feito de arenito vermelho manchado.

Ficamos poucos dias em Aurangabad, mas vimos tudo o que queríamos. O que faltou não estava em nossos planos e também nem sabíamos de todas as possibilidades. A Índia é incrível, tem muita coisa para se ver. Há sítios arqueológicos espalhados por todo país. Uma história rica com monumentos grandiosos. Para visitar tudo detalhadamente, teríamos que ficar muitos dias mais. Havia o forte, o Templo Ghrishnenshwar, o museu de historia, procurar cada um dos 13 portões, a mesquita Shah Ganj (a maior do estado de Maharastra), o Sunheri Mahal que é um palácio localizado no sopé das Cavernas de Aurangabad, e muitos outros lugares dos quais só ficamos sabendo da existência quando estávamos lá e víamos em mapas, folhetos e fotos. É muito difícil conhecer tudo em qualquer cidade que se visita na Índia.

No dia seguinte, após o cansativo dia em Ellora e outros sítios, acordamos bem cedo e tomamos o desjejum e fomos para a estação de ônibus. Mr Ashoka chamou um tutuque para nós e nos despedimos dele e da cidades triste.

Na estação compramos as passagens, água e salgadinhos e embarcamos. Logo na saída da cidade paramos por causa de um acidente entre dois carros e depois de satisfazer a curiosidade indiana, o motorista seguiu. Eu não lembro muito bem dessa viagem, mas lembro que paramos no Smile Stone, que tinha um Coffe Day, onde minha irmã comprou umas batatas vada tão engorduradas que quase não se podia comer. Mas comemos, é claro, também compramos chocolates e eu fotografei o banheiro porque a válvula era super moderna, a pia também assim como o sanitário.

Não lembro se houve outra parada, mas deve ter havido porque na Índia as viagens demoram muito também pelo grande numero de “Chai time’, a hora do chá. Conhecemos uma estudante que estava indo para Pune também e a viagem foi agradável, na medida do possível.


Comments


You Might Also Like:
bottom of page